O Irã promete retaliar com “destruição” se Israel atacar as instalações nucleares iranianas e a resposta à ofensiva “não se limitaria ao Médio Oriente”, garante o chefe adjunto das forças armadas do Irão. O general Massud Jazayeri, citado pela televisão iraniana Al-Alam, afirmou que o país tem capacidade para destruir o centro nuclear de Israel e “muito mais”.

As declarações de Massud Jazayeri vêm aumentar a controvérsia gerada pela divulgação de um relatório da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) que revela que o Irã tem capacidade para construir uma arma nuclear.

“O centro [nuclear israelita] de Dimona é um local tão acessível quanto podemos almejar, e temos capacidades ainda maiores. Em qualquer ação israelita [contra o Irã], nós vemos destruição”, advertiu o general Massud Jazayeri, acrescentando que a resposta iraniana a um ataque não será limitado ao Médio Oriente. “Temos planos prontos para reagir”, garantiu o general iraniano, sem contudo dar detalhes.

Depois de o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ter afirmado que o país “não vai recuar uma agulha que seja no seu programa” nuclear, foi a vez de o chefe adjunto das forças armadas colocar mais achas numa fogueira cada vez mais acesa, depois de ontem a AIEA ter divulgado um relatório onde revela que o Irã conseguiu “dominar os passos críticos necessários para desenhar e construir uma arma nuclear”.

O presidente iraniano já rejeitou as conclusões do relatório, afirmando que este foi construído com base em informações “inválidas” dos EUA e garantiu que o Irã não vai recuar “um iota” do seu programa nuclear. A posição de Mahmoud Ahmadinejad foi reiterada pelo enviado iraniano junto da AIEA, Ali Asghar Soltaniyeh, que avançou que o Irã “nunca abandonará os seus direitos legítimos” em matéria nuclear, embora continue a “respeitar as suas obrigações no quadro do Tratado de não proliferação nuclear”, que passam pela supervisão das suas atividades pela AIEA.

Ontem a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) divulgou num relatório sobre a atividade nuclear do Irã, realçando que o programa nuclear do Irã é “mais ambicioso e estruturado” do que se pensava e “está focado na construção e ensaio de uma arma nuclear que poderá ser anexada a um míssil de longo alcance”.

O documento revela ainda que o Irã não deteve a investigação nem o desenvolvimento tecnológico do seu programa nuclear em 2003, como pensavam até agora os serviços de inteligência dos Estados Unidos.

“Ataque militar contra o Irã está mais próxima do que uma opção diplomática”, avisou Peres

Ainda antes de o relatório da AEIA ter sido divulgado, o presidente israelita, Shimon Peres, alertou no domingo que a “possibilidade de um ataque militar contra o Irã está mais próxima do que uma opção diplomática”.

O chefe da diplomacia israelita, Avigdor Lieberman, defendeu sanções “paralisantes” ao Irã, em resposta aos resultados avançados pela AIEA. Segundo Avigdor Lieberman, a comunidade internacional deverá impor ao Irã sanções “muito severas e paralisantes”, que devem visar sobretudo o banco central do país e as suas exportações de petróleo, noticia a edição de hoje do jornal Maariv.

“Se os Estados Unidos não adotarem uma abordagem tendo em vista tais sanções severas contra o Irã, isso significará que os americanos e o Ocidente acomodam-se a um Irã nuclear”, defendeu ainda o diplomata.