Enquanto a taxa de homicídios entre a população branca em Mato Grosso do Sul caiu 15,4% de 2002 a 2008, o índice entre a população negra cresceu 7,8% no mesmo período. Os dados constam do Mapa da Violência no Brasil, publicado pelo Ministério da Justiça e que faz um diagnóstico sobre como a violência tem levado à morte brasileiros, especialmente os jovens, nos grandes centros urbanos e também no interior.

Em números absolutos, no ano de 2002 foram registrados 299 homicídios contra brancos e 333 contra negros. Em 2005, foram 229 brancos mortos de forma violenta e 343 negros. Já em 2008, a proporção era de 253 brancos assassinados para 359 negros. A pesquisa mostra que esta relação ocorre em praticamente todos os Estados, à exceção do Paraná, onde a taxa de homicídios entre brancos é maior.

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No caso de Mato Grosso do Sul, apesar de 40% mais negros serem vítimas de homicídio do que brancos, o Estado fica apenas em 20º na comparação com as unidades da federação. A Paraíba encabeça a lista com taxa de vítimas negras 12 vezes maior, proporcionalmente, ao das vítimas brancas.

No Brasil, o número de vítimas brancas caiu de 18.852 para 14.650, o que representa redução de 22,3%. Entre os negros, o número de vítimas de homicídio aumentou de 26.915 para 32.349, ou crescimento de 20,2%.

Matou porque era “negro e pobre”

Um dos casos de homicídio envolvendo negros em Campo Grande terá desfecho nesta sexta-feira (25). Geraldo Francisco Lessa (50) vai a júri popular pelo assassinato do jovem negro Anderson da Silva Faria em 2007 no bairro Dom Antônio Barbosa. O crime teria sido motivado por racismo.

Anderson namorava Eunice Zeli, sobrinha de Geraldo. O tio reprovava o relacionamento, e na tarde de 29 de dezembro de 2007 a vítima foi até uma padaria no bairro Parque do Lageado para questionar o motivo da desaprovação.

Os dois discutiram, e então o acusado deu um tiro no abdômen de Anderson, que morreu duas semanas depois. Posteriormente Geraldo narrou à justiça que agiu por motivo torpe, pois tinha ressentimento pelo namoro da sobrinha e porque a vítima era “negra e pobre”.