O G20 –grupo que reúne os países mais ricos e os principais emergentes– se compromete a garantir que o FMI (Fundo Monetário Internacional) disponha de recursos adequados, de acordo com o comunicado final da reunião ministerial realizada neste sábado em Paris.

As vinte maiores economias desenvolvidas e emergentes prometeram ainda analisar profundamente o assunto na cúpula de Cannes (sul da França), nos dias 3 e 4 de novembro, afirmou à France Presse uma fonte próxima às negociações. Brasil, China e Índia deixaram claro que estão dispostos a apoiar os países europeus em problemas fiscais através do FMI, com o objetivo de tentar colocar uma barreira no contágio da dívida a países como Itália ou Espanha, que ameaça o crescimento da economia mundial.

No entanto, países como Estados Unidos e Alemanha são contra esta opção. O tema dos recursos do FMI está no centro das negociações dos ministros das Finanças e autoridades de Bancos Centrais, que se reúnem neste sábado no ministério da Economia da França, presidente temporária do grupo. O G20 deve reiterar também seu compromisso a favor do crescimento mundial e o apoio aos bancos, além de saudar os avanços realizados na solução da crise da Eurozona.

Crise

O contágio para outras áreas e o impacto na precária recuperação do crescimento econômico mundial preocupa os ministros de Finanças que participaram do encontro preparatório à cúpula do G20 em Cannes (França). Além dos ministros do G20, assistiram à reunião representantes de outros países e de instituições como o FMI, o Banco Mundial e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A situação de parte dos países centrais do grupo, os da zona do euro, com a crise da dívida soberana e as implicações que isso significa para o crescimento mundial preocupa as lideranças reunidas em Paris e alguns de seus representantes deixaram isso claro logo no começo do encontro.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, que participou da reunião, advertiu que a crise da dívida na zona do euro pôs “em jogo o papel da Europa” no mundo e destacou que para enviar uma mensagem concreta de compromisso para uma solução será preciso antecipar o Mecanismo Europeu de Estabilidade.

O mecanismo teria de entrar em operação em meados do próximo ano e não em 2013, uma alternativa para evitar riscos de contágio da crise grega da dívida, revelou Durão Barroso. Ele lembrou que o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira já está operacional, ou seja, está disponível para a recapitalização do setor bancário europeu e para “intervir nos mercados secundários para evitar a contaminação”.

Propostas

Nas reuniões prévias de preparação da ministerial, haviam sido mencionadas diversas propostas, como a antecipação do pagamento das cotas dos países do G20 como membros do FMI para duplicar os recursos ordinários e a ampliação da rede de segurança financeira mundial diante da crise de dívida soberana dos países do euro.

A iniciativa implicaria antecipar o calendário de pagamentos original de 2012 e outorgaria ao fundo monetário a capacidade de crédito de US$ 750 bilhões. Mas esta ideia deveria contar com uma aprovação legislativa de trâmite complicado, sem esquecer que alguns países, como os Estados Unidos e o Canadá, mostraram oposição a duplicação dos recursos do FMI porque a veem como obstáculo para que os países do euro tomem medidas integrais.