Família diz que detento morto em solitária teria sofrido tortura; laudo indica enforcamento

Wellinton Correa foi preso por roubar um celular; ele foi achado morto numa cela conhecida como solitária. Ministério Público apura o caso

A família de Wellinton de Arruda Correa, 19, contesta o laudo de Exame de Corpo de Delito Exame Necroscópico do rapaz que foi encontrado morto às 7h do dia 19 de novembro do ano passado na cela disciplinar do Presídio de Trânsito (PTran), no Complexo Penitenciário de Campo Grande.

Parentes de Correa não acreditam que o rapaz suicidou-se; já a aposentada Aparecida Correa, 58, avó da vítima afirma que Wellinton foi morto.

“Eu tenho informações de que três a quatro pessoas entraram na cela às 23h do dia anterior (18) e torturaram meu filho”, disse à avó que criou o jovem.

A contadora Ana Paula Oliveira, 34, tia de Correa que teve acesso as fotos do corpo do rapaz do laudo aponta erros.

“Na primeira página aparece que a cor dele é branca e depois fala que é pardo sendo que ele é negro. O objeto que estava no local é um lençol verde e no laudo está como uma toalha azul, além do pé quebrado e as unhas roxas que não constam no documento”, diz.

O Ministério Público Estadual abriu inquérito para investigar o caso.

Cela disciplinar

Ele estava sozinho numa cela de regime disciplinar, conhecida pelos detentos como “solitária”, onde foi punido por ter cometido uma “falta grave”. Há informações de que ele teria sido flagrado usando um telefone celular dentro do presídio.

O órgão, que administra o sistema penitenciário estadual informou que o jovem foi penalizado  por ter utilizado um objeto não permitido, porém não foi informado qual o objeto.

O avô do preso, Sebastião de Souza, de 49 anos, diz que um dia antes (18) de Wellinton ser encontrado morto, ele deveria ter prestado depoimento, porém não foi levado. A Agepen informou que não recebeu o pedido judicial para transportá-lo ao Fórum da Capital .

Wellinton foi preso em flagrante pela PM no dia 31 de agosto de 2010, acusado de roubar um celular na Vila Progresso, na Capital. Segundo a Polícia Civil, o jovem simulou ter uma faca na cintura e com isso ordenou que a vítima, um jovem de 15 anos entregasse o aparelho telefônico.

Moradores o perseguiram e ele foi preso e conduzido pela PM para a Derf (Delegacia Especializada em Roubos e Furtos). Posteriormente foi encaminhado para o PTran no último dia 15 de setembro.

Pedido de liberdade

De acordo com informações do TJ-MS sobre o processo 0050734-93.2010.8.12.0001, Wellinton deveria ter prestado depoimento na 2ª Vara Criminal do Fórum da Capital no dia 18 de novembro às 16h30. Um pedido de liberdade provisória para o réu deveria ser analisado pelo Ministério Público a pedido do magistrado.