A menção do deputado federal Edson Giroto (PR-MS) entre possíveis nomes do Partido da República para substituir Alfredo Nascimento (PR-AM), que caiu após escândalo do suposto esquema de propinas no Ministério dos Transportes, ainda é considerada precipitada em Brasília.

Até o momento não houve nenhuma confirmação do PR sobre uma eventual cotação do deputado de Mato Grosso do Sul para a pasta. No gabinete do senador Blairo Maggi (PR-MT), que recusou o Ministério, assessores informam que até o momento Giroto não figura como opção.

“Por enquanto, vários nomes são lembrados, e o deputado Edson Giroto pode até se tornar uma opção. Mas, por ora, há nomes de Minas Gerais e o do próprio Passos sendo estudados”, diz um assessor que acompanha Maggi desde Mato Grosso e está no PR desde a fundação do partido.

Até correligionários de Giroto em Brasília acham precipitação colocar o nome do deputado de MS como “cotado” para o Ministério. Eles reconhecem que a condição de Edson não é das melhores junto ao Planalto e admitem que a palavra da presidente Dilma terá maior peso na decisão.

“A escolha será debatida com a liderança do Senado e com Blairo Maggi (PR-MT)”, diz o líder dos republicanos na Câmara dos Deputados, Lincoln Portela (PR-MG). “Mas faremos apenas uma sugestão. A presidente Dilma pode fazer uma indicação mais competente”, explica.

O passado de Giroto também é um obstáculo para o deputado federal na possível cotação. Além de ter feito campanha para José Serra (PSDB) na corrida presidencial, seguindo o grupo político regional do qual faz parte, liderado por André Puccinelli (PMDB), Edson Giroto tem no currículo recentes ações por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito em MS.

Vigarista

Além da oposição, que promete ser implacável com o novo nome de Dilma Rousseff para o Ministério dos Transportes, até aliados da base governista estão preocupados com o desfecho da crise.

“O PR vai se reunir de novo e indicar um cidadão como esse que tá aí?”, questionou o senador Pedro Simon (PMDB).

Para o peemedebista, a queda do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), após as denúncias de corrupção, mostra a necessidade de a presidente fiscalizar as indicações partidárias.

“A presidente tem que entender, pois é fundamental: o partido pode fazer a indicação política, mas ela tem que fazer a triagem, tem que saber qual é a ficha do cidadão, porque se é um vigarista, ela aceita ou não aceita. Na hora de fazer a indicação, já que os partidos infelizmente não fazem, ela tem a obrigação de fazer a fiscalização”, afirmou Simon à imprensa.

Esqueletos no armário

A compra de fazendas em Mato Grosso do Sul supostamente com registro em cartório de valor muito abaixo dos preços de mercado e incompatíveis com a renda oficial do parlamentar tornaram Edson Giroto alvo de investigação no Ministério Público Estadual de MS.

Pouco antes do escândalo que derrubou o ex-ministro Nascimento estourar, foi justamente Giroto quem tentou blindar obras, licitações e projetos do Ministério contra a paralisação enquanto suspeitas de irregularidades estivessem sendo investigadas.

“Uma simples denúncia ou uma visão tecnocrática precipitada pode levar à sustação de uma obra de grande importância para a nação”, argumentou Edson Giroto para defender emenda à LDO tornando mais difícil parar obras com possíveis desvios no uso do dinheiro público.

Garis como laranjas

Edson foi secretário de obras de André Puccinelli desde o tempo em que o atual governador era prefeito da capital de MS, Campo Grande. Na prefeitura, os dois acabaram implicados em um escândalo com a empreiteira Engecap, que era registrada no nome de dois garis.

O caso, chamado pela imprensa sul-mato-grossense como “Laranjoto” em referência ao suposto uso dos dois laranjas por Edson Giroto, continua na Justiça Federal.

No último dia 7 de junho, o processo, de número 2006.60.00.010770-1, da Justiça Federal de Campo Grande, subiu para o Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

DNIT-MS na mira

A influência de Giroto na superintendência do Dnit em Mato Grosso do Sul é motivo de orgulho para o atual deputado federal, que gosta de dizer, em reuniões das quais participa, como consegue “agilizar” obras e liberação de verbas.

O DNIT em MS também tem inúmeras denúncias envolvendo as obras tocadas nas rodovias de Mato Grosso do Sul. Pelo menos seis estão com irregularidades detectadas pelas auditorias do TCU (Tribunal de Contas da União).

Serrista

Além dos ‘esqueletos no armário’, Edson Giroto tem mais um complicador no currículo que adversários consideram o pior para obter espaço em Brasília: o fato de ter deliberadamente feito campanha para José Serra (PSDB) contra Dilma Rousseff nas últimas eleições presidenciais.

Giroto fez campanha para José Serra no primeiro turno seguindo a decisão do grupo político ao qual pertence em MS, liderado por André Puccinelli (PMDB). O peemedebista destoou da composição nacional do PMDB e fechou com o candidato tucano.

No segundo turno, já eleito, Giroto não escondeu a simpatia por José Serra, do PSDB. “Ele é uma pessoa com vasta experiência! Está preparado para assumir e colocar em execução os projetos que são necessários para o Brasil que almejamos para todos”, chegou a dizer sobre o adversário de Dilma Rousseff em entrevista a uma rádio de MS dias após o primeiro turno.

José Serra ganhou da presidente Dilma em Mato Grosso do Sul por uma diferença de 127.022 eleitores, num universo de 1,2 milhão de votos válidos.