Empresa que monopoliza ônibus quer tarifa a R$ 2,70 em Dourados e usuários reclamam
A concessionária do transporte coletivo de Dourados, empresa gaúcha Medianeira, prevê uma tarifa de R$2,70 em projeto encaminhado à prefeitura. A proposta do novo valor está sendo analisada pela administração municipal. Se aprovada, a tarifa será a segunda maior do Estado, perdendo apenas para Campo Grande, onde a passagem é de R$ 2,80. Fabiano Saccol, […]
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A concessionária do transporte coletivo de Dourados, empresa gaúcha Medianeira, prevê uma tarifa de R$2,70 em projeto encaminhado à prefeitura. A proposta do novo valor está sendo analisada pela administração municipal. Se aprovada, a tarifa será a segunda maior do Estado, perdendo apenas para Campo Grande, onde a passagem é de R$ 2,80.
Fabiano Saccol, gerente administrativo da Medianeira, garante que os novos valores apresentados para a Prefeitura são baseados em uma planilha do Ministério dos Transportes que avalia os insumos (custos) para o transporte.
“Depende do reajuste do combustível, do valor das peças e das despesas gerais”, afirma Fabiano. O gerente avalia que o valor apresentado à prefeitura poderia ser menor, dependendo principalmente de incentivos dados pelo poder público.
Repasse para o cidadão
A tarifa atual do transporte coletivo em Dourados é de R$ 2,30 para quem paga à vista e R$ 2,00 para quem utiliza o cartão do transporte, método utilizado em outras cidades como Campo Grande. Segundo dados fornecidos pela concessionária em Dourados, cerca de 40% dos usuários do transporte coletivo têm o benefício da gratuidade, ou seja, não pagam passagem: “Esse custo é repassado para o usuário comum, que acaba pagando um valor mais alto”, afirmou o gerente administrativo da Medianeira.
O aposentado Benedito Franco, 67 anos, é um dos usuários que utilizam o transporte coletivo de forma gratuita. Franco não se preocupa com o aumento da tarifa: “Não pago mais mesmo”, brinca. Mas afirma que são comuns os atrasos e faltam ônibus em circulação.
“Nunca chegam no horário, sempre com atraso. Ainda assim queriam tirar a linha que passa pelo bairro (Cachoeirinha) porque tem muitos aposentados”, denuncia Benedito.
O gerente da Medianeira, Fabiano Saccol, afirma que os atrasos são culpa da malha viária do município, ainda esburacada. “O motorista tem que decidir em qual buraco vai passar. Se no menor ou no maior”, reclama.
Há alguns anos, a administração municipal concedeu subsídio de 3% no valor do ISS (de 5% para 2%) pago pela empresa, para que não houvesse aumento na tarifa do transporte. Porém em 2009, na administração de Ary Artuzi, quando deveria ser renovado o subsídio, não houve acordo entre a concessionária e o município, gerando aumento no valor da passagem. De lá pra cá, não houve novo aumento da tarifa.
A assessoria de comunicação da Prefeitura informou que não há discussões a respeito de um novo subsídio para a empresa, que venha a diminuir, ou mesmo manter, o valor da passagem atual para o consumidor final, em relação às gratuidades.
A Assecom informou ainda que o prefeito, Murilo Zauith, quer que haja discussão entre Secretaria de Serviços Urbanos e a Medianeira para que, caso se consolide o aumento, haja também melhorias na qualidade do transporte, aumento das linhas e de quantidade de ônibus circulando na cidade.
Monopólio
Em maio deste ano a Câmara Municipal de Dourados aprovou a extensão da concessão para a Medianeira por mais dois anos, sem abertura de nova licitação. Na ocasião a administração municipal, que encaminhou o projeto à Câmara, se utilizou de um artifício já empregado anteriormente, na gestão de Artuzi. A Medianeira detém o monopólio do transporte coletivo no município.
Sobre o monopólio, a assessoria de comunicação da prefeitura informou que através da Agência Municipal de Transporte – que deverá ser implantada ainda esse ano – haverá grupo de estudos para determinar as condicionantes da nova licitação, incluindo estudo sobre a necessidade de haver mais de uma concessão.
O projeto de lei que estendeu o prazo de atuação da Medianeira já previa a criação desse grupo de estudos. Segundo a Assecom, a criação da Agência de Trânsito – que deve incluir transporte rodoviário, aéreo e ferroviário – poderá retardar os estudos para a nova licitação.
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