Algumas horas depois de ter rebatido no Twitter, de forma sutil, as críticas de Luiz Felipe Scolari em respostas a alguns torcedores, o atacante Kleber foi mais contundente à noite e deixou clara sua insatisfação com o treinador do Palmeiras. O Gladiador desabafou e não perdoou a declaração do comandante alviverde depois da partida contra o Noroeste, na quarta-feira, quando Felipão, mandando um claro recado a Kleber, disse que jogadores machucados precisavam ter mais cuidado antes de pensar em curtir o carnaval. Enquanto se recuperava de um problema na coxa direita, o atacante acompanhou o desfile das escolas de samba em São Paulo.

Lembrando o período em que Valdivia ficou parado, e ele assumiu sozinho a responsabilidade de comandar o ataque do Palmeiras, Kleber reprovou a posição de Felipão e disse que se sentiu desprotegido pelo técnico.

– O Mago é muito meu amigo, mas ficou quase dois meses parado, e eu estava em campo. Jogando sozinho lá na frente. Graças a Deus, voltou para ajudar a gente, mas fiquei dois meses segurando a bronca e não vi ele (Felipão) elogiar isso. Pelo contrário. Mas tudo bem – escreveu o Gladiador.

Para justificar a reclamação, Kleber lembrou dos casos em que Felipão criticou os meias Valdivia e Lincoln. O Gladiador insinuou que o técnico não se incomoda em reclamar de seus jogadores publicamente. Deixou claro também que não gostou de ver o mesmo Felipão elogiando técnicos rivais, como Tite, do Corinthians, quando o time alvinegro foi eliminado da Libertadores, e Adilson Batista, do Santos, quando este estava prestes a ser demitido.

– Ele já falou mal do time dizendo que era time de solteiro contra casado, falou mal do Lincoln, mal do Valdivia e agora me criticou também. Nunca o vi proteger a gente, mas treinador de time rival… O Palmeiras é maior do que tudo e todos, só não dá mais para agüentar isso calado – encerrou o jogador.

O agente de Kleber, Giuseppe Dioguardi, também se manifestou no Twitter e disse que não acha estranha a reação do jogador. Para o empresário, estranho seria se o atacante tivesse ficado calado.

Na rusga entre Felipão e Kléber, a diretoria, se tiver de tomar um partido, deverá ficar com o atacante. Pessoas ligadas ao presidente Arnaldo Tirone e ao vice Roberto Frizzo não escondem a insatisfação com o alto salário do treinador (R$ 700 mil) e suas constantes reclamações de que é preciso contratar reforços. A conclusão é de que a reclamação de Felipão demonstra, no mínimo, um comportamento de incoerência.

Dos R$ 700 mil mensais de Felipão, só R$ 50 mil são bancados por um patrocinador, a Unimed. O restante fica a cargo do Palmeiras. O contrato foi feito pela diretoria anterior, e os atuais dirigentes do clube tentam, desesperadamente, baixar a folha salarial do departamento de futebol – e nenhuma cifra incomoda mais que a paga ao técnico.