Silvio Berlusconi possui um império midiático na Itália, além de negócios nas áreas de construção civil e de futebol. Segundo a revista “Forbes”, sua fortuna é avaliada em cerca de R$ 10,85 bilhões.

Em 2011, ele se tornou o primeiro-ministro que ficou mais tempo no poder na Itália desde o fim da II Mundial. Os escândalos sexuais envolvendo Berlusconi, no entanto, se somaram à crise europeia, que colocou a economia italiana na mira da pressão dos países vizinhos, no mesmo barco da Grécia.

Apesar de enfrentar diversas queixas, nada nunca foi provado contra o premiê em uma corte de Justiça. Nem aquele que talvez seja o caso mais famoso, envolvendo a jovem dançarina conhecida como Ruby (Karima El Mahroug), que o acusou de contratá-la como garota de programa quando, à época, ela era menor de , com 17 anos.

Nascido em 1936 em Milão, Silvio Berlusconi chegou a trabalhar como cantor (“crooner”) em um navio de passageiros quando ainda era jovem, para ajudar a pagar por seus estudos. Ele se formou em direito.

Após alguns empreendimentos comerciais menores, ele entrou de vez no ramo da construção civil no final da década de 1960, quando se envolveu em um projeto para construir quase 4 mil flats em uma área próxima a Milão.

Com os negócios avançando no setor, na década de 1970 Berlusconi resolveu investir na área da comunicação e abriu a Telemilano, uma empresa de TV a cabo, além de comprar dois canais de cabo na tentativa de quebrar o monopólio da TV estatal.

Em 1978, os canais foram incorporados ao seu recém-formado grupo Fininvest, que incluía lojas de departamento, companhias de seguro e o time de futebol AC Milan, um dos clubes com maior estrutura no mundo.

Apenas em 1993 ele ingressou na política e formou seu próprio partido, o centro-direitista Forza Italia, e já no ano seguinte foi eleito primeiro-ministro pela primeira vez. No entanto, uma disputa com sua coalizão de direita e a denúncias de fraude o fizeram deixar o cargo apenas sete meses depois.

Ele retornaria ao posto com a de sua coalizão nas eleições legislativas de 2001. Em 2003, o premiê assumiu também a presidência da União Europeia, no período que coube à Itália no sistema de rodízio.

Após ser derrotado em 2006 por Romano Prodi, Berlusconi tornou-se primeiro-ministro da Itália pela terceira vez em 2008, depois de permanecer dois anos fazendo oposição ao governo. Aos 71 anos, ele venceu o pleito ao reinventar seu partido criando o PDL, no qual integrou sua legenda de origem, o Forza Italia, e a direitista Aliança Nacional.

Em 2010, em meio à grave paralisia econômica e aos escândalos sexuais que eclodiam em sequência, o premiê perde o apoio de um dos seus principais aliados, o presidente da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini, além de quatro dos seus principais ministros, que pedem demissão.

Em clima de “fim de regime”, como já qualificava então a mídia italiana, o primeiro-ministro se nega a renunciar, apesar dos pedidos da oposição e de antigos aliados da esquerda.

Neste ano, com a União Europeia exigindo que as economias mais fragilizadas do bloco impusessem severas medidas de austeridade, cresceram as críticas contra o governo de Berlusconi.

Após ficar claro em uma votação que o premiê não possuía mais a maioria no Parlamento, o premiê se reuniu com o presidente da Itália, Giorgio Napolitano. O presidente disse então que o primeiro-ministro deve renunciar tão logo consiga aprovar as medidas de ajuste econômico exigidas pela União Europeia. O premiê confirmou a informação.

Durante a reunião com o presidente italiano, Silvio Berlusconi apresentou a carta de renúncia, encerrando um período de 17 anos no poder da Itália. O político abandona o cargo antes do término de seu terceiro mandato.