Com sol forte, maioria dos três-lagoenses opta por visitar Cemitério no período da Tarde
O que antes era tradição nas primeiras horas do dia, foi transferida para “quando o sol baixar” para grande parte da população de Três Lagoas. Para os vendedores esse é o momento de aproveitar para vender velas, arranjos, lanches e refrigerantes.
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O que antes era tradição nas primeiras horas do dia, foi transferida para “quando o sol baixar” para grande parte da população de Três Lagoas. Para os vendedores esse é o momento de aproveitar para vender velas, arranjos, lanches e refrigerantes.
Com o céu ensolarado e forte calor, o Dia de
Finados em Três Lagoas começou com pouca movimentação no Cemitério Municipal
Santo Antônio. Ambulantes e barraqueiros, instalados nas imediações do local,
esperavam que, com o cair da tarde, aumentasse o número de visitantes e,
consequentemente, fregueses. Segundo eles, as vendas caíram mais de 40% com relação
ao ano passado, no período da manhã, mas a cada hora na qual a temperatura fica
mais amena, aumenta o número de visitantes.
Entre os túmulos mais visitados estão o de “Zé
Camisola” – um deficiente físico que vivia pelas ruas da Cidade, ao qual são
atribuídos milagres – e o de Antônio Joaquim de Aragão “Camisa de Couro” –
conhecido em Três Lagoas devido os crimes de pistolagem que praticou entre as
décadas de 50 e 60.
Alguns visitantes chegam a deixar objetos, roupas e
comidas para Zé Camisola e, para Camisa de Couro, ao contrário de anos
anteriores, em que eram depositadas munições em seu túmulo, a reportagem do
Midiamax só constatou velas acesas, como homenagem.
Vendas
Para a vendedora ambulante, Josefa Aparecida
Francisco, o que comprometeu as vendas neste ano foi o excesso de concorrência.
“É o segundo ano que trago dois isopores com
refrigerante e água para vender aqui. No ano passado, até o início da tarde eu já
tinha vendido tudo, mas agora, em 2011, ainda estou com mais da metade do
estoque e, já passou das 14h. O problema é que todo mundo atualmente vê na data
uma oportunidade para obter uma renda extra, o que acaba por prejudicar quem
está há mais tempo”, relatou.
De acordo com a vendedora “Silvia da Pipoca” – como
prefere ser chamada – que há 15 anos atua na data vendendo velas – disse que
esse é o pior ano de todos.
“São 15 anos em frente ao Cemitério no dia de Finados
vendendo velas. Nunca presenciei tão poucos visitantes no local nesta data. E isso
se reflete nas vendas. Espero que agora a tarde eu consiga vender os produtos que
já me parecem encalhados”, explicou.
Contudo, o ambulante conhecido pela Cidade como
Ticolé (Ricardo Rodrigues) disse que não tem do que reclamar. Para ele,
compensou montar mais uma barraca para vender arranjos de flores, mesmo pagando
pelo espaço ao proprietário do terreno – R$ 40, por 2m²/ao dia – assim como
manter seu carrinho na entrada do Cemitério.
“Estamos aqui desde as 4h da manhã e as vendas só
vem aumentando. Como a população três-lagoense cresceu nossas vendas também
foram ampliadas. Estou contente com o resultado até o momento. Para ser um bom
vendedor é necessário ser otimista sempre”, afirmou.
Visitantes
Com o passar das horas, no período da tarde, o que
era esperado com ansiedade pelos vendedores acaba acontecendo, o fluxo de
pessoas, vindo para visitar os jazigos, cresce a cada momento.
Segundo quatro representantes da família Dias de
Oliveira, eles estavam aguardando o “sol baixar” para vir visitar seus pais,
falecidos no início da década passada.
“Todos os anos esse é momento de virmos prestar nossa
homenagem, mas as lembranças deles são diárias em nossas vidas. Aqui é apenas o
local onde estão guardados seus restos mortais, mas suas ações enquanto viventes
estão arquivados em nossos corações e memória, de onde jamais sairão”,
finalizou uma das filhas do casal falecido, Ieda Dias de Oliveira.
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