Um primeiro carregamento de ouro procedente da Europa chegou nesta sexta-feira à Venezuela, dando início à operação para repatriar cerca de 85% das reservas auríferas que o país mantinha fora de suas fronteiras, anunciou o presidente do banco central venezuelano, Nelson Merentes.

“Vêm dos países europeus, neste caso, em um voo via França. Estamos falando de algumas toneladas de ouro que, como se pode perceber, estão chegando à pátria de (Simón) Bolívar”, disse Merentes no aeroporto internacional de Caracas, em declarações retransmitidas pela emissora estatal VTV.

A autoridade, que catalogou a operação de “histórica”, não informou quantas toneladas de ouro chegaram ao país neste primeiro carregamento, mas especificou que no total serão repatriadas “mais de 160 toneladas de ouro em barras”, o que representa “quase 85%” das reservas auríferas que estavam fora da Venezuela.

Após sua chegada ao aeroporto, este primeiro carregamento de ouro será levado em uma caravana por várias regiões populares do oeste de Caracas e os arredores do palácio presidencial de Miraflores para finalmente ser depositado no banco central, localizado no centro da cidade.

Segundo as autoridades, cerca de 500 efetivos e grande número de veículos e aeronaves foram destinados à segurança desse carregamento para que seu traslado até o BC fosse “100% seguro”.

Mais cedo, o presidente Hugo Chávez anunciou que nesta sexta-feira chegaria ao país o primeiro carregamento de ouro repatriado em meio a uma forte operação de segurança.

“Esse ouro chega ao lugar de onde nunca deveria ter saído, aos cofres do banco central da Venezuela”, disse o presidente.

O presidente anunciou em agosto que havia ordenado o traslado de grande parte das 211,35 toneladas de ouro que a Venezuela têm no exterior, avaliadas em 11 bilhões de dólares, e das quais mais de 80% estão no Reino Unido, principalmente no Banco da Inglaterra.

O país sul-americano ocupa o décimo quinto posto no mundo em reservas de ouro, com mais de 365 toneladas, segundo dados oficiais. Destas, 154 toneladas, avaliadas em cerca de 7,2 bilhões de dólares, já estão no banco central da Venezuela.

“É a reserva econômica de nossos filhos que continuará aumentando”, disse Chávez, prometendo que seu país se tornará “uma potência econômica, mas não para a burguesia, mas para o povo”.

Em agosto, Chávez, que pretende ser reeleito para um terceiro mandato de seis anos em 2012, assinou também uma lei que nacionaliza as atividades de exploração do ouro no país e que é destinada em parte a aumentar as reservas internacionais.