Ales Marques, preso com cocaína, dinheiro e armas, diz ter passado procurações à defensora dele, que o abandonou na prisão e teria manipulado a denúncia de que ele trama matar juízes

O sargento do Corpo de Bombeiros Ales Marques, 50, preso por tráfico de droga, acusado na semana passada pelo MPF (Ministério Público Federal) por conduzir um suposto esquema para matar juízes em Mato Grosso do Sul, denunciou à OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) que sua advogada teria conspirado contra ele. A defensora do militar é quem teria alimentado a ideia do atentado contra os magistrados, insinuou o traficante.

O MPF, por meio de sua assessoria de imprensa, reafirma a denúncia de que o militar teria, sim, planejado a morte de juízes e garante que essa acusação é sustentada por provas contundentes.

Por meio de uma carta endereçada à redação do Midiamax, Marques disse ter assinado uma procuração à defensora dele, Elianizi Gonçalves Gama, dando poderes sobre seus bens e que, desde então, ela o teria abandonado na prisão. A suposta trama manipulada pela advogada teria tido início após o bombeiro buscar ajuda de outro advogado.

A assessoria de imprensa da OAB/MS afirmou que a denúncia contra a advogada é examinada pela vice-presidência da entidade. Confirmada a suposta conspiração, o caso será investigado pela Comissão de Ética, setor da OAB com poder de excluir um advogado dos quadros da Ordem.

Ales Marques foi preso pela Polícia Federal no ano passado, em sua casa, em Ponta Porã (MS), fronteira com o Paraguai. Com ele, os investigadores apreenderam 11 quilos de cocaína, armas, munições e US$ 17 mil. Dois dos filhos e a ex-mulher do sargento também foram detidos.

De acordo com a denúncia registrada na OAB, Ales Marques, que está detido no presídio militar, em Campo Grande, diz que passou para a advogada “procurações para que ela o defendesse” e também agisse na “defesa da ex-mulher e os dois filhos”, presos em Ponta Porã.

Ales Marques reclama ainda que passou uma procuração dizendo que a advogada poderia cuidar de seus bens móveis e imóveis que foram sequestrados por determinação judicial em processo de lavagem de dinheiro. “Passei vários documentos para a doutora e ela não quer me devolver”, queixa o traficante.

Outra reclamação do sargento tem a ver com um leilão de cavalos seus determinados pela Justiça Federal. Ele disse que ao contratar a advogada, combinou com ela que seria tarefa da defensora cuidar da alimentação dos animais.

Ocorre que a Justiça mandou leiloar os cavalos em caráter de urgência porque os animais estariam passando fome. O sargento, contudo, afirma que o leilão só aconteceu por culpa da advogada.

O bombeiro diz ainda na carta que “não é verdade” que ele teria deixa o presídio sem autorização e acompanhado de militares, um deles oficial. Ele mandou cópia de um atestado médico indicando que ele deixou o presídio após sentir “tonturas” e seguiu até um posto de saúde da Prefeitura de Campo Grande.

A reportagem do Midiamax tentou conversar com a advogada, mas não conseguiu. Em duas ligações a um aparelho fixo e um celular, que seriam dela, cujos números aparecem no cadastro da OAB, ninguém atendeu às chamadas.

A reportagem apurou, ainda, que a advogada em questão já foi punida antes pela OAB e que hoje ela exerce a profissão graças a uma medida liminar. A assessoria da OAB não confirmou a punição porque os processos contra advogados correm em sigilo.

Já a assessoria de imprensa do MPF afirmou que mesmo com a denúncia do suposto calote da advogada, está mantida a denúncia contra o bombeiro, que estaria planejando matar os juízes que cuidam do processo contra o militar. (saiba mais sobre esse caso em notícias relacionadas, logo abaixo).