As bolsas europeias operam sem direção única na manhã de hoje, afetadas pelo relatório do Banco Central da Inglaterra (BOE, na sigla em inglês). A autoridade monetária disse que a economia do Reino Unido crescerá menos do que o esperado devido ao impacto da crise da dívida da zona do euro sobre as exportações do país, sugerindo que poderá adotar mais medidas de estimulo econômico.

O comitê de política monetária do banco central inglês afirmou também que a taxa anual de inflação provavelmente cairá fortemente em 2012 e ficará abaixo de 1,5% em 2013, aquém da meta de 2%.

Mais cedo, as bolsas tinham se recuperado da fraqueza inicial, conduzidas por papéis de bancos, enquanto os retornos ao investidor dos bônus da Itália recuaram das máximas, após o BCE (Banco Central Europeu) comprar títulos italianos, espanhóis e portugueses, segundo operadores. Dados da inflação da zona do euro também contribuíram para o tom positivo nos mercados.

Por volta 8h55 (de Brasília), Londres cedia 0,37%, Frankfurt recuava 0,59%, Paris subia 0,49%), Madri avançava 1,34%, Lisboa registrava alta de 0,43% e Milão subia 1,12%.

Entre os indicadores econômicos divulgados nesta quarta-feira (16), a Eurostat, a agência de estatísticas da União Europeia, reportou que a taxa anual de inflação na zona do euro ficou em 3,0% em outubro, inalterada ante a máxima em três anos registrada no mês passado. Na comparação com setembro, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 0,3%. Os números ficaram em linha com as previsões dos analistas ouvidos pela Dow Jones.

Já o Escritório Nacional de Estatísticas do Reino Unido afirmou que taxa de desemprego atingiu 8,3% em outubro, o maior nível desde 1996. O número de desempregados aumentou 129 mil, para 2,62 milhões, o nível mais alto desde 1994.

Os operadores destacaram que ainda existem ligeiras preocupações de que os problemas na Itália e na Grécia possam se espalhar para a França e Espanha, após o custo para assegurar dívidas soberanas desses dois países contra defaults atingir novas máximas recordes ontem.

“Se o aumento dos spreads continuar, e eles estão começando a afetar agora o que você considera países centrais, temos que começar a questionar em que estágio a Alemanha perde seu status de porto seguro”, disse Gary Jenkins, da Evolution Securities.

“O movimento dos investidores dos bônus de países com dívida e déficits altos para os bônus do governo da Alemanha tem sido compreensível, mas se chegarmos a um ponto em que a Itália e a Espanha já não consigam mais se financiar no mercado e os títulos franceses se tornarem estressados, temos de olhar para o efeito que isso teria sobre a Alemanha”, acrescentou Jenkins.

Enquanto isso, a situação política na Itália continua a ser acompanhada de perto. O primeiro-ministro, Mario Monti, deverá apresentar seu plano de austeridade ao Parlamento ainda hoje. Os operadores observaram que há incerteza sobre se os legisladores italianos concordarão com as medidas de austeridade e para estimular o crescimento, que vão além daquelas negociadas pelo ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, na cúpula europeia em outubro.

A Grécia também está no centro das atenções, com um voto de confiança sobre o governo, previsto para ser realizado mais tarde. O líder do partido Nova Democracia, Antonis Samaras, ampliou a incerteza ontem, ao dizer que vai apoiar o novo governo, mas não vai assinar o compromisso por escrito exigido pelas autoridades da União Europeia. As conversas sobre envolvimento do setor privado no segundo pacote de resgate para a Grécia começaram, mas esta promessa por escrito deve ser assinada para que o país receba a sua próxima parcela de ajuda.

Com as informações da Dow Jones.