Em audiência pública realizada no plenário da Assembleia, nesta sexta-feira (11), foi discutida “Educação Superior Indígena em MS”, debate proposto pelo deputado estadual Pedro Kemp (PT) em parceria com o Projeto de Rede de Saberes, que discutiu a realidade de mais de 800 acadêmicos índios do Estado.

A principal questão enfocada foi a evasão acadêmica provocada pela falta de apoio financeiro. Rose Mariano da Silva, Terena, Enfermeira formada pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), hoje docente, salientou as dificuldades enfrentadas pelos acadêmicos durante todo o período de sua formação. “O índio sai de sua aldeia e tem que enfrentar uma situação com a qual não está acostumado e para a qual não tem condições financeiras. Eu estudei na Uems, mas a maioria cursa universidades particulares, através de bolsas. O problema é que outros itens como aluguel, alimentação, transporte, material didático não são contemplados em sua totalidade. O auxílio, quando acontece, chega fora de época, com meses de atraso”, afirmou Rose.

Participaram da audiência, deputado estadual Pedro Kemp (PT), procurador Marco Antonio Delfino de Almeida, deputado estadual Laerte Tetila (PT), professora Claudete de Souza da UFMS, Professora Doutora Beatriz Landa, pedagoga e mestra em educação Teodora de Souza, representante da Funai de Ponta Porã, Silvio Raimundo da Silva, historiador Antonio Brandt e o representante dos acadêmicos indígenas, Luiz Henrique Elói.

Na fala dos presentes ficou evidente o avanço alcançado pelos diversos programas que permitiram às populações indígenas acesso à educação nos ensinos básicos, fundamental e médio, também a conquista por haver mais de oitocentos acadêmicos indígenas frequentando as faculdades em Mato Grosso do Sul, que tem a segunda maior população indígena do País. No entanto, é evidente que as instituições e órgãos de apoio estaduais e federais devem desenvolver formas de manter estes indígenas em condições dignas, longe de suas aldeias.

Os pronunciamentos vindos da assistência, emocionados e emocionantes, discorreram sobre as agruras dos primeiros acadêmicos, aqueles que não conseguiram obter sua graduação, o auxílio que deveria vir das famílias que, no entanto, não possuem condições para isto, e o retorno dos profissionais às aldeias.

Conforme citou um dos representantes índios presentes, “Na parede da faculdade tem uma placa que diz: ‘Formamos para o Mercado de Trabalho’. Eu digo que não se deve estudar para o mercado de trabalho, mas para a vida. Não adianta estudar para ser peão, continuar a ser peão em outro nível”.