Pessoas amanhacem na fila do Ministério do Trabalho e Emprego para dar entrada no seguro desemprego, mas apenas 50 conseguem senha de atendimento

Antes mesmo de amanhecer, a fila de espera para atendimento no Ministério do Trabalho e Emprego ultrapassa o limite da quadra e chega a dobrar a esquina das ruas 13 de Maio e Antônio Maria Coelho. Centena de pessoas madruga em frente ao órgão para conseguir dar entrada no seguro desemprego. O problema é que apenas 50 delas recebem senha para atendimento, o restante tem que voltar outro dia e contar com a sorte.

Às 7h as portas do MTE abrem e as senhas começam a ser distribuídas. No balcão da portaria um funcionário organiza as primeiras 50 pessoas da fila, que começam a ser atendidas a partir das 7h30 até às 17h. Quem veio do interior para dar entrada no benefício tem direito a atendimento diferenciado, a partir das 9h.

De dentro do prédio, ele grita que mais ninguém será atendido e explica que quem não recebeu a senha terá que retornar outro dia. Porém, com tantas pessoas ainda para o lado de fora, muitos não escutam e ficam perdidos, vendo as pessoas indo embora e sem saber o que está acontecendo.

Esta é a cena de toda a manhã no Ministério do Trabalho e Emprego, e nesta quarta-feira (23), quando a equipe do Midiamax esteve no local, não foi diferente. Sandra Pereira estava na fila desde às 5h40 e ficou sabendo que não seria atendida apenas quando chegou no balcão. “É complicado ter que voltar, perdi o passe do ônibus de hoje”, lamenta Sandra.

Na segunda tentativa para dar entrada no seguro, Roberto César Souza chegou ao local às 4h30 e não foi o suficiente para garantir que recebesse a senha. “O problema é que o brasileiro não quer trabalhar, em um dia dá para atender mais do que 50 pessoas”, reclama, com ar de indignação.

Sem sucesso pela terceira vez, Luciano Arce dos Santos está quase se acostumando com a ideia de fazer plantão na calçada do Ministério. “Pelo visto vou ter que voltar amanhã de novo”, desabafa Luciano, ainda na fila e em um misto de revolta e conformismo.

Mesmo tendo consciência de que este é um problema de anos, Lucineide Miranda de Souza, chefe da Sessão de Política Pública de Trabalho, Emprego e Renda do MTE, explica que no momento o Ministério teve que deslocar funcionários para atender as colônias de pescadores, que têm direito ao seguro por conta do período da piracema. “Infelizmente não temos o que fazer agora, estamos com deficiência no atendimento e pedimos a compreensão das pessoas”, diz.

Alternativa

De acordo com Lucineide, tanto a Funtrab quanto a Funsat são autorizadas a darem entrada no seguro desemprego com o mesmo procedimento do MTE, e quando os assegurados não são atendidos no Ministério, são orientados a irem para um dos dois órgãos. “Não sei porquê as pessoas não querem ir para lá, o atendimento é o mesmo e o tempo para sair o seguro também, não tem diferença”, questiona Lucineide.

Para Mickel Zonatto, que também estava na fila na manhã desta quarta-feira, a solução eficaz seria a construção de postos específicos para esse atendimento. “Já é assim há um tempo, e distribuir apenas mais 20 ou 50 senhas não vai resolver, é muita gente que fica sem atendimento”, conclui.