Segundo o Governo Federal, a alteração no IPI serve para proteger a indústria nacional e melhorar a competividade frente aos carros que chegam de fora, como os chineses, por exemplo

A notícia sobre o aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os veículos importados pegou muita gente de surpresa. Segundo o Governo Federal, a alteração no IPI serve para “proteger a indústria nacional e melhorar a competividade frente aos carros que chegam de fora”, como os chineses, por exemplo.

Os automóveis que tiverem pelo menos 65% de produção nacional, não sofrerão mudanças no IPI. Caso contrário, para os modelos com até mil cilindradas (1.0), o atual imposto de 7% passará para “37%”. Isso quer dizer, um carro que custaria R$ 23 mil, em média, como da Chery, poderá chegar a R$ 31, 5 mil. Já para os veículos de 2 mil cilindradas (2.0), as taxas de 11% e 13% passam para 41 a 43%.

Campo Grande tem recebido uma enorme quantidade de Concessionárias especializadas em importados nos últimos anos, hoje são aproximadamente 15, entre elas, a chinesa Jac Motors. Por aqui (na capital), pelo menos por enquanto, a empresa não deve alterar os preços dos veículos. “Devido ao nosso grande estoque em todo o Brasil, principalmente no Estado de São Paulo, vamos manter os mesmos valores”, afirmou a responsável pelo marketing da Jac Motors na cidade, Carlene Lioggi.

Interrogada se os clientes ficaram “assustados” com a nova medida, Carlene disse que sim, mas revelou que a procura dos clientes foi maior nos últimos dias. “Registramos grande aumento na vendas, logo depois do anúncio da alteração do imposto.”

A empresa aproveita o momento de “dúvidas” para divulgar mais a marca e explicar as mudanças no IPI dos importados. “A saída é realizar campanhas para alavancar as vendas. Como exemplo, nesta quarta-feira (21) iniciamos um grande feirão no centro de Campo Grande, que segue até o próximo sábado”.

“Ainda é muito cedo pra falar em queda no setor”. Ela citou ainda modelos que são considerados carros-chefe da marca: o J3 1.4 e continua por R$ 37.900; ou o modelo Sedan J3 1.4 (Turin) permanece R$ 39.900. Outra marca chinesa, a Chery já lançou a construção de uma fábrica em Jacareí (SP) e deverá começar a produzir em 2013. Já a concorrente Jac, pretende iniciar a produção no Brasil em 2014. O local ainda não foi divulgado, mas valor sim, um projeto de R$ 900 milhões de reais.

Sul- coreana Hyundai

Em outra concessionária que trabalha com importados em Campo Grande, a meta por enquanto também é continuar com a tabela antiga, isso é, vender com os mesmos valores. Na Hyundai, por exemplo, a “empresa tem estoque que deve atender aos clientes por um prazo que vai de dois a seis meses”. A informação é do gerente do estabelecimento, Gilberto Freitas.

Sobre o aumento no IPI, confirmou que deve haver alteração futuramente, mas que ainda é cedo demais pra falar se será nos “percentuais anunciados pelo Governo Federal ou em outra escala determinada pela própria Hyundai”.

Muitos clientes, ainda com dúvidas sobre as mudanças, compareceram em massa nos últimos dias para fechar negócios, para aproveitar o “valor mais baixo do imposto”, comentou o gerente. “Nossas vendas dispararam, aumentaram, em média, 40%, principalmente no fim de semana”. Freitas acredita que os negócios devem continuar em alta até o final de outubro.

No Brasil, os modelos Tucson e o HR (caminhão utilitário) são montados em Anápolis- GO. Até o início de 2013, a sul- coreana Hyundai, que faz uma versão antiga do SUV Tucson em Goías, pretende inaugurar uma moderna fábrica em Piracicaba, no interior paulista, para não ter a necessidade de importar mais os “líderes de vendas”, como Tucson e i30. Para a nova instalação da fábrica, os investimentos devem ser na ordem de R$ 1 bilhão.


Land Rover e Audi

Sobre a procura pelos importados em mais duas Concessionárias de Campo Grande, após a divulgação na alteração do IPI, a procura pelos modelos da Land Rover e Audi, não foi diferente. Pelo contrário, as vendas dispararam. “Zeramos o estoque, pelo menos 15 carros de cada marca, praticamente no fim de semana. O cliente queria levar o carro logo, sem correr o risco de pagar mais caro depois”. Esse é o resumo de Vitor Arioli Junior, responsável pela administração da Land Rover e Audi na cidade.

As duas concessionárias são recentemente instaladas na capital (entre 6 e 7 meses). O consumismo desenfreado nesses últimos dias antecede uma grande discussão sobre a medida do Governo Federal. Vitor lembra que o momento ainda é de incerteza, muita gente ainda nem entendeu bem o assunto. Mas enquanto para o consumidor o que interessa é o preço final, ou seja, o quanto ele vai desembolsar a mais pra ter um importado, para as Concessionárias cabe esperar e torcer por uma reviravolta. “Vamos aguardar a posição das nossas centrais pra saber qual o percentual será repassado aos nossos clientes”.

Bastante preocupado com o novo IPI dos importados, Junior disse que a mudança deve afetar radicalmente o setor. “Foi um golpe forte, com certeza, um verdadeiro banho de água gelada na gente. Minha estimativa é que, se as concessionárias repassarem os 30% (novo IPI) para os clientes, as vendas podem sofrer uma queda gigantesca, uns 60%, em média”.


IPI não vale para Mercosul

A medida que regulamenta as mudanças no Imposto sobre Produtos Industrializados para os importados foi publicado na última sexta-feira (16). O Governo vai aumentar em 30% a alíquota do IPI, até dezembro deste ano, apenas para os carros que estão fora do Mercosul. Isso quer dizer que o Brasil possui um acordo com Argentina e México (que não serão afetados pelo novo imposto).

A previsão é que a medida englobe entre 12 e 15 empresas em atuação no Brasil e que metade das importações tenha o IPI elevado. Não seriam afetadas hoje, por exemplo, a GM e a Ford, mas alguns modelos Wolks sim, como o Passat e o Malibu.