O movimento, que contou com cerca de 300 pessoas, começou na Rua Barão do Rio Branco. Mesmo com escolta da Polícia Militar, muitos motoristas, impacientes com a manifestação, buzinaram quando o trânsito estava parado.

“Não negociou, o Correio parou”, esse foi um dos “gritos de guerra” usado pelos funcionários dos Correios, na manhã desta sexta-feira (23), no centro de Campo Grande. Os trabalhadores, que estão em greve desde a quarta-feira (14) realizaram uma passeata, com apoio de um carro de som e participação de representantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

O movimento, que contou com cerca de 300 pessoas, começou na Rua Barão do Rio Branco, seguiu por outras vias, como, 13 de maio, 14 de Julho e, principalmente, Avenida Afonso Pena. Mesmo com escolta da Polícia Militar, muitos motoristas, impacientes com a manifestação, buzinaram quando o trânsito estava parado.

Além dos gritos de guerra, os trabalhadores realizaram “batucada e apitaço”. Até a réplica de um “caixão”, simbolizando a morte no setor, foi levado pela categoria. “Estamos entrerrando o presidente dos Correios, Sr. Wagner Pinheiro. Só vamos voltar ao trabalho quando houver uma proposta que favoreça nossa categoria”, disse, por meio do carro de som, Alexandre Takachi, Presidente do Sintect (Sindicato dos Trabalhadores nos Correios, Telégrafos e Similares de Mato Grosso do Sul).

Segundo Takachi, mais de 150 pessoas do interior de Mato Grosso do Sul vieram especialmente para a manifestação. São funcionários de Três Lagoas, Aquidauna, Chapadão do Sul, Sidrolândia, entre outras cidades . “Os trabalhadores de Dourados e Jardim não participaram porque realizam protestos em seus municípios”, informou o presidente do Sintect.

A chuva, que insistia em cair, não dispersou o grupo. Eles continuaram o trajeto até a Avenida Calógeras, param ao lado da Central de Atendimento dos Correios e depois continuaram. “A chuva não vai nos atrapalhar. O que cai do céu é sagrado, é só água pessoal”, gritava Alexandre. Assim, a turma seguiu até a central de distribuição da empresa e se abrigaram debaixo do antigo Terminal Rodoviário da capital.

Por volta das 11h, uma pausa para o almoço e, logo mais à tarde, os grevistas pretendem continuar a manifestação nesta sexta-feira. “Lutamos por salário digno, novas contratações urgentes e menos sobrecarga para os nossos colegas”, comentou David Ildefonso, que há 15 anos atua no setor entregas. Segundo ele, o desgaste físico é enorme e os carteiros sempre ficam estressados devido ao excesso de trabalho.

Greve dos Correios

A direção dos Correios está propondo que os trabalhadores em greve desde a última quarta-feira (14) suspendam o movimento para retomar as negociações sobre reajuste salarial. A empresa reapresentou a proposta oferecida antes da greve, que prevê reajuste de 6,87%, mais aumento real de R$ 50 e abono de R$ 800.

“A continuidade da paralisação prejudica quem está trabalhando, pela sobrecarga de trabalho; a população, que não é atendida plenamente pelos nossos serviços; e os grevistas, que perdem os dias parados”, diz a nota divulgada pela empresa. De acordo com os Correios, a adesão dos trabalhadores caiu dos 22% registrados na quarta-feira (22) para 19% hoje. Mas a estimativa dos grevistas é que cerca de 70% dos funcionários estão sem trabalhar.

Os funcionários aprovaram ontem (22) em assembléias por todo o país uma contraproposta com novas reivindicações. Segundo o diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), José Gonçalves de Almeida, a proposta que deve ser apresentada ainda hoje (23) à diretoria da empresa prevê uma diminuição de R$ 400 para R$ 200 no reajuste linear que estava sendo pedido, além da redução do aumento do vale-cesta e do vale-refeição.

A categoria exige, no entanto, a contratação imediata de todos os aprovados no último concurso público dos Correios. Os trabalhadores também querem a reposição da inflação de 7,16% e o aumento do piso salarial de R$ 807 para R$ 1.635.