Depois de ser criticado pela diretoria do Santos, o técnico Dorival Júnior deu a sua versão para a sua saída da Vila Belmiro, em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira no apartamento onde mora em Santos. O presidente do Peixe, Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, e o diretor de futebol, Pedro Luis Nunes Conceição, haviam dito que o treinador quebrou a hierarquia do clube ao não respeitar um acordo sobre a punição a Neymar. No entanto, Dorival disse que o afastamento do jogador seria por tempo indeterminado e nada havia sido combinado para que ele atuasse contra o Corinthians, nesta noite. Para o técnico, houve uma falha de comunicação, e ele garante não guardar nenhuma mágoa do atacante.

– O que houve foi uma falha de comunicação, um desencontro. Quando a diretoria puniu o Neymar com a multa, esqueceu que ainda tinha o aspecto técnico. Eu precisava tomar uma atitude, e ele era reincidente. Tenho um carinho muito grande pelo Neymar. Ele é como um filho para mim, mas errou e precisava ser punido.

A confusão no Peixe estourou na partida contra o Atlético-GO, quarta-feira passada, quando Dorival ordenou que Marcel batesse um pênalti em vez de Neymar, que havia desperdiçado três cobranças no Campeonato Brasileiro. Revoltado, a jovem estrela santista discutiu e xingou o comandante ainda dentro de campo, sobrando para os companheiros Edu Dracena, capitão do time, e Marquinhos. A confusão teria continuado no vestiário. Depois de ouvir críticas de todos os lados, o atacante pediu desculpas públicas ao treinador, jogadores e torcedores.

Pela rebeldia, a diretoria aplicou uma multa de 30% do salário do atleta (R$ 50 mil), mas Dorival não ficou satisfeito e resolveu afastar o atacante da partida contra o Guarani, no último domingo. O presidente entendeu, e Neymar acatou, tendo inclusive viajado para Campinas para dar apoio aos companheiros no jogo. Na última terça-feira, porém, Dorival Júnior anunciou que o atacante também ficaria fora do clássico com o Corinthians, o que desagradou à cúpula santista, gerando o desligamento do treinador.

– Na a reunião que eu tive com o presidente, na segunda-feira, ninguém foi direto ao assunto. O Luis Alvaro achou que a punição estava encerrada, e eu achei que ainda precisava de mais. Era necessária essa intervenção para eu não perder o controle do grupo.