Pacientes e profissionais em saúde do Hospital Regional de Campo Grande viveram momentos de medo quando o setor do pronto-socorro foi alvo de depredação na madrugada deste domingo (5). Revoltados com a morte de um parente, três homens começaram a agredir verbalmente os funcionários e a quebrar o estabelecimento. Ninguém ficou ferido, mas dois carros do hospital foram danificados e a porta da recepção teve o vidro quebrado.

O distúrbio começou por volta das 2h30 e foi provocado por amigos e parentes de Everton Antonio Henrique da Silva Aguelho, que tinha morrido às 23h de sábado – horas depois de dar entrada no pronto-socorro com um quadro grave de pneumonia. A vítima, um rapaz com idade entre 20 e 25 anos, deu nome falso para registrar o prontuário, e para isso usou os documentos do irmão, Emerson Amilton.

A farsa só foi descoberta depois da morte de Everton, e os parentes queriam retirar o corpo do hospital a todo custo.

Por causa da divergência, foi informado à família que o cadáver deveria passar por um exame de papiloscopia, feito por peritos técnicos, e que poderia apontar com precisão a identidade do rapaz. Mas as explicações não convenceram as pessoas mais exaltadas que estavam no grupo. O retrovisor de um Fiat Dobló foi quebrado, e o furgão Besta teve a porta arranhada. O vidro da porta que dá acesso à recepção também foi quebrado a chutes e socos.

Everton Antonio deu entrada no Hospital Regional pela primeira vez no dia 27 de agosto, com sintomas graves de pneumonia. Mas, no dia 3 de setembro, após visita de parentes, ele aproveitou para fugir do setor de clínica médica, onde era tratado e não tinha previsão de alta. Menos de 24 horas depois, retornou ao hospital com a saúde piorada.

Everton Antonio teria usado documentos falsos para ser internado porque tinha problemas com a justiça. Em outubro de 2007, ele foi condenado a cinco anos e dez meses em regime fechado pelo crime de tráfico de drogas no estado de Goiás.

A Polícia Militar foi chamada para atender a ocorrência mas chegou 40 minutos depois, quando os baderneiros já tinham ido embora. Na hora do tumulto, cerca de 20 profissionais e vários pacientes à espera de atendimento estavam na recepção do pronto-socorro. A reclamação geral é de que falta segurança aos frequentadores do hospital, já que os vigias não trabalham com materiais de contenção, e todos estariam expostos à violência.