As oleaginosas foram as culturas mais beneficiadas pelo clima, e a colheita deverá ficar em 66,73 milhões de toneladas para a safra 2009/2010, superando em 9,57 milhões de toneladas, ou 16,7%, a safra anterior, que foi de 57,17 milhões de toneladas.

Os números positivos, no entanto, preocupam o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, porque poderão resultar em uma queda excessiva de preços, o que não é bom para o produtor.

A produção nacional de grãos da safra 2009/2010 é o segundo melhor resultado da história e deverá chegar a 143,09 milhões de toneladas, de acordo com estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume é 5,9% superior aos 135,13 milhões de toneladas da safra passada. O recorde é do ciclo 2007/2008, que foi de 144,1 milhões de toneladas.

“Nossa grande preocupação é com os preços. A dos produtores também, porque à medida que a safra apresenta números tão bons, os preços tendem a cair, e preços muito baixos podem complicar”, disse o ministro, ao divulgar o quinto levantamento relativo à safra de grãos.

A primeira safra do feijão registrou alta de produção – crescimento de 10,6% e previsão de colheita de 142,1 mil toneladas. A produção de algodão também cresceu: 2,1%, o equivalente a 40 mil toneladas.

Apesar de também beneficiado pelo clima, o milho registrou queda de 3,8% – ou 1,29 milhão de toneladas – na produção, devido à redução da área plantada destinada ao produto, que foi estimada em -1,11 milhão hectares para a primeira safra, e em -164,2 mil hectares para a segunda safra.

A área total plantada destinada a grãos está calculada em 47,65 milhões de hectares, 22,8 mil hectares a menos do que na safra anterior. Com exceção da soja e do feijão primeira safra, as demais culturas pesquisadas tiveram redução de área. A redução da área destinada ao plantio de algodão foi de 25,6 mil hectares, e a de arroz, de 113,9 mil.

“As chuvas, por um lado, atrapalhavam a colheita de trigo e cana-de-açúcar da safra anterior, mas acabaram beneficiando a safra atual. A exceção é o arroz, que teve prejuízo bastante grande no Rio Grande do Sul, com queda de 8,7%, equivalente a 1,1 milhão de toneladas.”

No entanto, acrescentou Stephanes, os preços do arroz estão no mesmo nível de seis meses ou um ano atrás. “Já estiveram a R$ 35 a saca, caíram a até R$ 26 e agora estão a R$ 32. Ou seja, estão ligeiramente abaixo do que já estiveram e um pouco acima de seu valor histórico.” Ele acredita que, para compensar o pequeno estoque, o país poderá importar arroz do Uruguai e da Argentina. “Mas isso acaba se equilibrando e não haverá maiores problemas”, afirmou.

Segundo o ministro, há problemas muito grandes na área de escoamento, principalmente para “regiões mais longínquas”, como Mato Grosso. “O transporte de milho, por exemplo, é mais caro do que o próprio milho. Isso passa para o custo dos insumos, e acaba atingindo outros produtos, como a soja e a carne.”

A pesquisa de campo foi realizada pelos técnicos da Conab entre os dias 18 e 22 de janeiro, a partir de informações prestadas por produtores, representantes de cooperativas e sindicatos rurais, órgãos públicos e privados.