O HU (Hospital Universitário) informou através de nota como foram os procedimentos sobre o caso da paciente Rita Ribeiro, 19, que após um procedimento cirúrgico de retirada de pedras nos rins, ficou sem andar e sem falar. O hospital disse que espera o MPF (Ministério Público Federal) notificá-lo sobre o assunto para então se posicionar. O caso foi noticiado pelo Midiamax no início deste mês.

O procurador regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), Felipe Fritz Braga, chegou a dizer que o HU como órgão público, que gerencia dinheiro do Sistema Único de Saúde, tem o dever de esclarecer a situação à população.

O HU descarta que tenha havido infecção hospitalar. A assessoria do hospital afirma que a jovem foi internada com infecção bacteriana, ou seja, já estava com as bactérias pelo organismo.

Eis a nota do HU:

Nota de Esclarecimento

O Núcleo de Hospital Universitário da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em razão da matéria noticiada pela imprensa sobre o estado de saúde de Rita Stefanny de Oliveira, e após oportunizado o contraditório à equipe médica que realizou o procedimento solicitado pela Central de Regulação, vem a público informar e esclarecer o que segue:

Na data de 26/01/2010, por meio da Central de Regulação, da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul, foi formalizado solicitação de vaga ao NHU/UFMS para encaminhamento da paciente Rita Stefanny, que se encontrava no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul – HRMS.

Na solicitação constou o procedimento de instalação endoscópica de cateter duplo J, com a seguinte justificativa: “cálculo ureteral à esquerda cursando com hidronefrose ipsilateral c/ pielonefrite grave / leucócitos = 21.600 leucócitos, bastões = 24%, e insuficiência renal (creatinina = 2,9 mg/dl), associada a dor importante em flanco esquerdo, vômitos e febre. Evolução 4 dias.”

De acordo com os dados clínicos constantes na justificativa de solicitação de vaga da Central de Regulação, febre e aumento dos leucócitos acima de 12.000, insuficiência renal aguda por instabilidade hemodinâmica prévia ocasionada pelo próprio quadro infeccioso (perda volêmica e diminuição da resistência vascular sistêmica) evidencia que a paciente já estava em SEPSE (infecção por bactéria).

No PAM/NHU, foi prontamente atendida e tratada com antibiótico de amplo espectro de ação para posterior e oportuno procedimento de drenagem do rimesquerdo por meio da instalação endoscópica de cateter duplo J, que foi realizado no Centro Cirúrgico com êxito na data de 27/01/2010, no período vespertino, com saída de grande quantidade de secreção purulenta.

Terminado o procedimento de instalação do cateter duplo J, a paciente Rita Stefanny foi encaminhada para a enfermaria, porém, em virtude da piora do padrão respiratório foi solicitada vaga de CTI – Centro de Tratamento Intensivo, que foi concedida imediatamente no mesmo dia 27/01/2010. A paciente foi para o CTI consciente com máscara de oxigenação. No CTI, depois de decorrido cerca de duas horas, em razão da não melhora do padrão respiratório foi decidido pela intubação orotraqueal para ser ventilada mecanicamente por meio de respirador multiprocessado.

No CTI, mesmo com todo o suporte necessário, evoluiu para choque séptico acometendo múltiplos órgãos, tendo a paciente evoluído com insuficiência respiratória, piora da insuficiência renal sendo também necessária realização de sessões de hemodiálises (depuração do sangue através de rim artificial), e SARA – Síndrome da Angústia Respiratória do Adulto (freqüente complicação da SEPSE grave) até que na data de 31/01/2010 apresentou parada cardiorrespiratória sendo ressuscitada de maneira satisfatória.

A paciente permaneceu internada no CTI até a melhora do quadro pulmonar deixando de ter a necessidade de ventilação artificial podendo respirar espontaneamente, a insuficiência renal também evoluiu com sucesso deixando a paciente sem a necessidade de hemodiálise, porém o quadro neurológico evoluiu com seqüelas determinando o quadro atual da paciente.

Apesar do diagnóstico e do tratamento efetivo prestado à paciente Rita Stefanny, infelizmente a medicina guarda perspectiva não vitoriosa aos profissionais da saúde, porque muitas das vezes o tratamento não resulta respondido pelo organismo da paciente.

Segundo Nelson Akamine, Diretor do Ilas – Instituto Latino Americano de Sepse ), o quadro de SEPSE evoluindo para choque séptico pode atingir a média de mortalidade dos pacientes em 60% com pico de 80%. Os restantes dos pacientes podem evoluir para seqüelas (neurológicas, pulmonares, renais ou amputações ficando uma pequena parcela dos pacientes vivos sem seqüela após um quadro de choque séptico).

O Hospital Universitário/UFMS, após a alta hospitalar se colocou à disposição da paciente para continuidade do tratamento em nível ambulatorial e assistência social domiciliar.

O Hospital permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos pertinentes que se fizerem necessários.

Núcleo de Hospital Universitário/UFMS

(Matéria editada para correção)