O candidato à Presidência da República do PSDB, José Serra, afirmou nesta terça-feira (17), durante o 20º Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, em Brasília, que a candidata do PT, Dilma Rousseff, copiou propostas da campanha tucana para a área da saúde.

Serra apresentava seu plano de expansão do programa de Ambulatórios Médicos de Especialidades (AME) quando ironizou a petista.

“Eu, no geral, nesta campanha, tenho feito propostas, e dali uns dois meses a candidata do PT vem e faz a mesma proposta. Já tem sete. Estou fazendo uma coleção. O importante não é a cópia. Eu só gostaria, de vez em quando, de ter o direito autoral. Se a gente bola um negócio, é bom ter o autoral”, provocou Serra.

“Mas isso é bom, porque é uma boa ideia. Então, deixa outro propor também. Seria só preciso ela visitar o AME, porque ela não conhece. Porque os AMEs estão lá, em São Paulo”, complementou.

Serra disse que a proposta apresentada pela petista, de criar o programa “Mãe Cegonha”, é uma “cópia-carbono” do programa “Mãe Paulistana”, criado pelo tucano em São Paulo. O candidato do PSDB, no entanto, disse que não estava acusando Dilma de copiar, estava apenas “mostrando fatos”.

“Eu disse que tinha feito o programa “Mãe Paulistana” e tinha o “Mãe Curitibana” lá no Paraná. E que, agora, iria estimular, no Brasil, para fazer o programa “Mãe Brasileira”, que vai atender em todos os estados. Um mês depois, ou dois, isso eu falei no Paraná há muito tempo, e todo mundo registrou, e agora veio o “Mãe cegonha”, que é cópia-carbono do Mãe Paulistana. Não sou eu que estou acusando, são os fatos que estão mostrando”, afirmou. “Não faria uma lei para proibir cópia. Ficaria mais elegante dar o crédito”, complementou.

O candidato do PSDB ao Planalto discursou para representantes de entidades de saúde filantrópicas durante 30 minutos. Na quinta-feira (19), a própria Dilma será recebida no congresso para falar de suas propostas para o setor.

Serra recebeu uma carta com as reivindicações do setor, que argumenta ter uma dívida acumulada de R$ 6 bilhões. No documento, entre outras reivindicações, a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) reivindica a aprovação no Congresso da Emenda 29, “de modo a ampliar e estabilizar o volume de recursos destinado ao financiamento do setor público de saúde.”

A CMB sustenta que pelo menos 56% das unidades de saúde filantrópicas no país são os únicos hospitais no município onde se localizam.

O setor é responsável por 41% das internações do Sistema Único de Saúde (SUS), com 175 mil leitos hospitalares, de acordo com com a entidade.

Apenas em 2009, essas unidades registraram 5 milhões de internações. A CMB afirma ainda que a rede de filantrópicas gera 480 mil empregos diretos e conta ainda com 140 mil médicos autônomos.

CPMF

Em referência indireta às declarações de Dilma, que por mais de uma vez atribuiu à extinção da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) os problemas na área de saúde, Serra afirmou que é “mentira” que fim do imposto do cheque tenha relação com a má qualidade dos serviços.

“É trolóló, falsidade, mentira que os problemas da saúde vêm do fim da CPMF”, disse.

Investimentos

O candidato tucano disse que pretende investir R$ 12 bilhões na saúde durante os quatro anos de governo. Serra também prometeu criar 154 AMEs em todo o país de modo a tornar o serviço de especialidades médicas disponível à população do interior.

“O meu propósito é instalar 154 ambulatórios médicos de especialidades no país inteiro. Porque já vai ter mais de 40 em São Paulo e nós temos que fazer uma distribuição regional de maneira que o ambulatório não esteja muito longe das pessoas que vão ser atendidas”, afirmou.

Programa eleitoral

O candidato do PSDB foi questionado sobre o cenário de seu programa eleitoral, que recriou uma favela no lugar de filmar em regiões pobres do país: “Ti-ti-ti não tem. Não adianta me tentar que ti-ti-ti eleitoral não tem.”

Perguntado se o tom da campanha não deveria ser mais crítico em relação ao governo e à campanha petista, Serra voltou a despistar. “Se a gente não toma cuidado, a campanha se torna ti-ti-ti, bastidores e pesquisa eleitoral. Não vou comentar. Se eu tiver uma estratégia, não vou dizer qual é a estratégia antes”, argumentou.

Irã

A relação do governo brasileiro com o Irã também foi alvo de comentários de Serra. Ele questionou a mudança de comportamento de alguns integrantes do governo que antes “tratavam com carinho” o Irã e agora chamam de “ditadura” o país do presidente Mahmoud Ahmadinejad.

“O fato é que o Brasil manifestou durante todo esse tempo carinho, amizade e confiança pelo Irã. Como isso pega mal para a opinião pública, nós estamos em uma eleição, convém confundir de novo a opinião pública”, afirmou.

Serra também cobrou de Dilma uma posição clara sobre a relação do governo com o Irã. “Ela tem que explicar porque ela nunca reclamou do Irã e agora o ‘Irã é uma ditadura’. Ela nunca disse uma palavrinha áspera com relação àquela ditadura fascista e feroz.”