Obra da Via Morena deixa Vila Carlota ‘ilhada’; Secretaria de Obras prevê fim de obra orçada em R$ 10 milhões apenas no mês de setembro

Ilhados. Moradores da Vila Carlota aguardam desde setembro do ano passado pela conclusão da obra de continuação da Via Morena orçada em quase R$ 10 milhões e sem rede de esgoto. O recurso é federal, mas a Prefeitura é a responsável pelo empreendimento tocado pela empreiteira Enge Construção.

O problema está concentrado às margens do córrego Cabaça, área cercada por residências e condomínios, de onde foram retirados no projeto de desfavelamento, 40 famílias do ‘Beco’, beneficiadas com casas populares após enfrentarem o medo do despejo depois de três décadas em meio à mata, onde viviam em condições subumanas.

São cerca de dois quilômetros interditados perto da Ruy Barbosa até a Spipe Calarge. Quem precisa do transporte coletivo ou usa carro para ir ao trabalho tem que contornar o trecho interditado enquanto a obra não termina.

“Além disso, é muita poeira. O problema é que aqui nesse trecho onde moro, que pega parte da Salgado Filho, veio a obra sem o esgoto”, relata o funileiro José Carlos Ferreira.

Para pedestres, ciclistas e motociclistas há ainda ‘trieiros’ que garantem a passagem em meio ao aterro que cerca o asfalto recém construído, mas sem rede de esgoto.

Os moradores lamentam a demora nos serviços. No bairro, o boato é de que em agosto, no aniversário de 111 anos da Capital, a nova avenida seja liberada. Mas, segundo o secretário municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação, João Antônio de Marco, a previsão é de que a obra termine apenas somente em setembro.

Indagado sobre a falta de rede de esgoto, de Marco disse que as obras não podem ser feitas conforme o cronograma da concessionária Águas Guariroba.

Esperança

Dona Dalva Amorim, 56, é lavadeira. Ela mora no cruzamento das ruas Cruzeiro com Planalto, bem em frente onde está sendo construída a Via Morena e máquinas trabalham para retirar o aterro que ‘sufoca’ o córrego Cabaça. A vizinhança foi embora, indenizadas após a desapropriação, ou, removidas para casas da Emha (Empresa Municipal de Habitação).

Mas, dona Dalva permaneceu. Ela comemora. Ontem, a patroa dela disse que iria à Prefeitura para buscar o ressarcimento pelo prejuízo que Dalva teve. “Perdi boa parte do meu terreno. Minha patroa disse que meu terreno não era de bico e sim, quadrado. Meu lote agora é asfalto e não me deram nada”. Agora, ela tem esperança de poder receber o dinheiro e poder construir um muro e proteger a residência, onde mora há 30 anos e criou seus filhos e netos.