Um ônibus da Viação Canarinho, placas HRO-2746, foi “engolido” pelo asfalto da rua 21 de Setembro, quase esquina com a Monte Castelo, no bairro Nossa Senhora de Fátima. O incidente aconteceu neste domingo, 08 de agosto, por volta das 08h45. O veículo fazia a linha Centro – Nova Corumbá e ficou com as duas rodas presas ao chão. Segundo o motorista do coletivo, cerca de 20 pessoas estavam no carro no momento do acidente. Ninguém ficou ferido.

O trecho que cedeu foi refeito recentemente após a Sanesul realizar as obras de esgotamento sanitário na região, com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do Governo Federal. A recuperação da via também foi de responsabilidade da empresa concessionária. Procurado pelo Diário, o gerente da Sanesul em Corumbá, Januário Ximenes disse que o incidente foi provocado pelo vazamento de um ramal, que leva água direto para galeria de águas pluviais. “Esse ramal se rompeu, encharcou o solo e fez ceder o pavimento”, afirmou.

Segundo Januário, este tipo de rompimento é comum nesta época de ano por causa do frio, quando há menor consumo do produto. “A água não usada causa pressão nessa tubulação fazendo com que eles se rompam”, explicou. A empresa fez o reparo necessário para conter o vazamento no mesmo dia.

Acidente idêntico ocorreu no dia 20 de junho, quando um outro ônibus da Canarinho ficou preso no asfalto da rua Edu Rocha, no bairro Popular Nova. Ali também a Sanesul havia realizado obras para implantação de tubulação de rede de água e esgoto.  Desde o início destas obras, a Prefeitura vem questionando a má qualidade do serviço de recuperação das vias feito por empreiteiras contratadas pela empresa do Governo do Estado.

Relatórios elaborados pelo setor de fiscalização do Município mostram que boa parte dos serviços de recuperação de pavimento não atende as normas técnicas de engenharia. Quatro cadernos – um para cada frente de serviço que está sendo executado pela Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul (Sanesul) – foram encaminhados à direção da empresa no dia 28 de julho, cobrando providências para que a restauração do pavimento ocorra de forma correta.

Os relatórios também foram encaminhados à Caixa Econômica Federal, agente financeiro do empreendimento. A prefeitura cobra da empresa para que ela apresente um cronograma de recuperação das vias. Os sucessivos problemas levaram a Prefeitura de Corumbá a estudar a revisão do contrato de concessão da Sanesul. A concessão foi renovada na primeira metade da década de 2000. De acordo com lei estadual, o prazo de administração dos serviços pela concessionária não pode ser superior a 20 anos.

O prefeito Ruiter Cunha já declarou que a revisão do contrato se justifica pela forma como o serviço vem sendo prestado pela empresa de abastecimento. Entre os motivos para a reavaliação está a negligência com a recuperação do pavimento danificado e a demora em finalizar a rede de água para as 800 casas construídas pela Prefeitura com recursos do PAC – 550 delas estão prontas, mas as famílias beneficiadas não podem ocupar os imóveis porque não há ligações de água.