Namorado da acusada é filho de policial militar e emprestou a arma do pai para cometer o crime. Vítima tinha 19 anos de idade e levou tiro ao proteger o ‘alvo’, uma gestante

A Polícia Civil realizou nesta quarta-feira (18) a reconstituição do assassinato de Juliana Aparecida dos Santos Sales, 19 anos, ocorrido na madrugada do último domingo (8), no bairro Coronel Antonino em Campo Grande. Ela foi morta com um tiro no abdômen, após discussão que teria começado em um clube a poucas quadras do local.

Participaram da simulação peritos criminais, dois delegados, duas vítimas e o casal de namorados acusado de praticar o crime – uma adolescente de 15 anos e Jhader Leandro Rodrigues, de 21 anos. Segundo Maria de Lourdes Cano, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude (Deaij), os acusados sustentaram a versão de que a adolescente efetuou o disparo.

A reconstituição começou por volta das 15 horas, em frente ao clube UCAF (União Campo-grandense de Favelas). Na “Festa da Minissaia”, uma das amigas de Juliana esbarrou na acusada, que revidou com um soco. Durante a confusão, a jovem Pamela Alves Reginaldo, 20 anos, que é amiga de Juliana, foi jurada de morte.

Ao deixaram o local da festa, Jhader e a adolescente já tinham intenção de matar Pâmela, como afirmou a delegada. Então ambos foram de motocicleta até a casa do rapaz, a alguns metros do clube, e Jhader pegou escondido o revólver calibre 38 do pai, que é policial militar. Em seguida, a adolescente teria feito um disparo para testar a precisão da arma.

O encontro entre os acusados e as vítimas aconteceu na rua das Nações Unidas, atrás da Unidade de Pronto-Atendimento da Coronel Antonino. A adolescente de 15 anos participou da encenação com um capuz para encobrir o rosto e um casaco da Polícia Civil, para não ser identificada. Ela mostrou aos delegados e peritos como efetuou o disparo – na garupa da moto pilotada por Jhader, a menos de 5 metros de distância da vítima. Havia seis pessoas na calçada em companhia de Pâmela, e entre elas estava Juliana. O disparo atingiu o abdômen da vítima e ainda feriu a mão da irmã dela, que também é adolescente.

A reconstituição do crime serviu para apontar aos policiais que investigam o caso alguns detalhes, como o percurso feito, a posição e a distância dos envolvidos. Maria de Lourdes Cano afirmou que foram ouvidas mais de 25 testemunhas em depoimento, e que não havia motivo aparente para o crime. A delegada também disse que o namorado incentivou a adolescente a praticar o crime.

A mãe da vítima, Elice Maria dos Santos, assistiu às cenas emocionada: “Foi um crime banal, mataram uma inocente. Ela deixou um neto de 1 ano e 4 meses, como vou explicar que ele não tem mãe? Isso não pode ficar impune”, disse chorando.

Jhader está detido temporariamente e vai responder por homicídio doloso e corrupção de menores. O pai dele deve responder por omissão de cautela, já que descuidou da arma pertencente à Polícia Militar. A adolescente também responderá por homicídio doloso. O casal de namorados não tinha passagens pela polícia.