Recenseadores do IBGE são recebidos à bala em MT
Tiros, maus tratos, assédio moral e discriminação que terminam em boletins de ocorrência registrados nas delegacias de Polícia de Mato Grosso viraram rotina no dia a dia dos recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). A situação mais grave aconteceu na última quarta-feira, na zona rural de Carijó, a oito quilômetros do município […]
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Tiros, maus tratos, assédio moral e discriminação que terminam em boletins de ocorrência registrados nas delegacias de Polícia de Mato Grosso viraram rotina no dia a dia dos recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
A situação mais grave aconteceu na última quarta-feira, na zona rural de Carijó, a oito quilômetros do município de Nossa Senhora do Livramento, quando dois recenseadores foram recebidos à bala por uma casal. “Primeiro a mulher me apontou uma faca”, disse a recenseadora Manuele Rosa da Silva, de 20 anos.
Manuele conta que bateu palmas quando chegou na casa do sítio para fazer a pesquisa, mas ninguém teria atendido. Ela e o piloto da moto decidiram entrar para chegar até a casa, que ficava distante da porteira. “Fomos entrando e sempre batendo palmas, chamando por alguém da casa, e de repente uma senhora e seu marido abriram a porta e mandaram a gente sair dali”.
Os pesquisadores registraram o ocorrido na delegacia local. No dia 15 uma equipe policial chegou ao sítio e prendeu em flagrante Benemar Tadeu Esteves Miranda por porte irregular de arma de fogo. A mulher dele disse ter pensado tratar-se de ladrões e por isso teria atirado.
O coordenador da subárea de atuação da agente ameaçada, Walter Pires, disse que a situação foi extrema. Desde 1978, quando entrou para o IBGE, foi a primeira vez que aconteceu uma situação do tipo. Ele diz não acreditar na versão de que a mulher atirou pensando que eram ladrões. “Nossos pesquisadores andam uniformizados, com jaleco e boné do IBGE, não tem como não reconhecer”, disse. Pires conta que em Nobres, a 143 quilômetros da capital mato-grossense, um pesquisador foi posto para correr. “Não teve bala, mas o recenseado intimidou o pesquisador”, explicou.
Em Cuiabá, a investigadora policial Leoneide Bernardino Alves conta que uma pesquisadora pediu socorro no plantão da delegacia central para conseguir passar numa rua para coletar os dados. Segundo relato da recenseadora, todas as vezes que passava na frente da casa de uma mulher que não quis ser recenseada, ela era xingada e chegava a ser atingida por pedras.
O IBGE estima que deve recensear cerca de 3 milhões de pessoas no Estado. No censo de 2007 foram recenseados 2.854.642 habitantes. Mato Grosso conta com 2.700 recenseadores distribuídos em 32 subáreas.
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