Dirigentes e militantes do Partido dos Trabalhadores tentam hoje à tarde, mais uma vez, por fim aos atropelos eleitorais que tem ocorrido na legenda desde o ano passado. Lideranças, especialmente candidatos, reclamam que decisões importantes que deveriam primeiro ser discutidas dentro da sigla estão sendo tratadas diretamente com outras legendas em movimentos isolados de petistas.

O presidente regional do PT, Marcus Garcia, não trata os atropelos como crise, mas reconhece que a situação tem certa gravidade e cobra maturidade dos correligionários. O mais recente movimento que chateou a cúpula ocorreu na tarde de ontem. O Midiamax noticiou que o ex-governador Zeca do PT sugeriu ao empresário e suplente do senador Delcídio do Amaral, Antônio João, filiado ao PTB, que continue na vaga.

Marquinhos esclarece que não tem restrições ao nome de Antônio João. Contudo, não concorda com a forma como convite foi conduzido. “Esta é uma questão do que deveria primeiro ser discutida dentro do partido”, reclama. Ele afirma que Zeca sequer o comunicou que teria uma reunião com o suplente de Delcídio. “Fiquei sabendo pelo Midiamax. Não pode ser assim”, queixa-se.

Antes da discussão pública sobre a suplência de Delcídio, os petistas já tinham se debatido por conta da suplência do pré-candidato ao Senado pelo PDT, Dagoberto Nogueira. Um grupo de petistas, incluindo Zeca, lançou o nome da ex-primeira-dama Gilda Gomes dos Santos à suplência de Dagoberto.

A alternativa que também não fora discutida dentro do partido causou irritação a ponto de se exigir internamente a retirada do nome de Gilda. “A indicação para a suplência de Dagoberto não está definida. Há vozes a favor e contra a indicação dela (…) Eu sei que conto com a compreensão dos correligionários”, explica.

Marcus Garcia relembra ainda o episódio no qual o presidente da Acrissul, Chico Maia, foi apresentado ao presidente Lula, em fevereiro, como possível candidato a vice de Zeca do PT. A agitação entre os petistas por pouco não causou uma crise em profundidade. Agora, o vice de Zeca, segundo Marcus Garcia, dependerá de muitas discussões internas.

Zeca, aliás, será ouvido pelos dirigentes do partido, em reunião fechada antes do encontro amplo do diretório. A ideia é esgotar com o ex-governador o debate de todas estas questões pendentes. “No encontro de hoje vamos afinar a viola. Está na hora de começarmos a falar a mesma língua”, detalha o dirigente.

Outro assunto em pauta é a agenda unificada entre Zeca do PT e Delcídio do Amaral. O senador Delcídio está em repouso em sua residência com suspeita de dengue. Conforme sua assessoria de imprensa, ele não deve comparecer a reunião.

O senador, aliás, é uma das lideranças que mais brada contra os atropelos em seu partido. “Temos que fazer política , primeiro, dentro do PT, para depois buscar o apoio daqueles partidos que estarão conosco na disputa. Não podemos aceitar decisões tomadas fora do PT. Pessoalmente não aceito isso e vou continuar defendendo meu ponto de vista. O local ideal para discutir as questões do PT é dentro do partido e não fora dele”, defendeu neste fim de semana, durante reunião com dirigentes e militantes petistas em Ribas do Rio Pardo.

“Temos que deixar de lado os projetos individuais em favor dos projetos coletivos”, comentou.

A reunião do PT está marcada para começar às 14 horas na sede regional do partido, no Jardim Bela Vista, em Campo Grande.