Potenciais adversários na corrida presidencial, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), não se dedicam apenas à consolidação de seus palanques. Trabalham para “roubar” o aliado do outro pelo país afora.

Em pelo menos sete Estados, o PSDB ensaia alianças com partidos da base governista. É aí que serristas e petistas travam uma disputa para desmontar a estrutura do adversário, ou, no mínimo, evitar o constrangimento da partilha de um mesmo palanque no Estado.

A Paraíba é um exemplo. Lá, o PSDB promete apoiar o PSB, desde que seu candidato, o prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB), não ofereça palanque a Dilma. Do contrário, o PSDB lançará a candidatura própria ao governo.
No Estado, o PT caminha para uma aliança com o PMDB.

Segundo tucanos, não é necessário que Coutinho manifeste apoio a Serra. Ele poderá até declarar voto em Ciro Gomes (PSB-CE), caso ele concorra mesmo à Presidência. Só não poderá abrigar Dilma.

A intenção é impedir que Dilma conte com dois palanques. E Serra fique sem. Serra chegou a pedir que o vice-líder do governo na Alesp, Jonas Donizete (PSB), fizesse essa ponderação a Coutinho. Já o presidente Lula pediu ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, apoio para Dilma nos Estados.

“A relação do PSB com o PT está sendo discutida. Na hipótese de um apoio ao PT, a lealdade do PSB ao governo do presidente Lula e à candidatura de Dilma careceria de um apoio formal do PT aos candidatos do PSB nos Estados. Seria o mínimo para iniciar uma discussão”, disse Coutinho.

No Maranhão, é a própria Dilma quem se mobiliza para tirar de Serra o palanque de Jackson Lago (PDT). No Estado, o PSDB pretende apoiar a candidatura de Lago contra a de Roseana Sarney (PMDB).

Embora o PT costure a aliança com os Sarney, Dilma disse à cúpula do PDT que seria “um prazer estar com Lago”.
“Dilma lembrou que foi filiada ao PDT durante 20 anos”, afirma o líder do PDT na Câmara, Brizola Neto (RJ).

O PDT duvida que Lago apoie Serra. Mas, numa reunião, o PSDB cobrou de Lago sinais explícitos de apoio a Serra como condição para a aliança.

No Rio Grande do Sul, o PSDB admite até a hipótese de convencer a governadora Yeda Crusius -alvo de denúncias- a desistir da reeleição em favor do prefeito de Porto Alegre, o peemedebista José Fogaça.
Mas, numa articulação nacional, o vice-prefeito José Fortunati (PDT) insiste num acordo com Dilma. Fogaça, que já negocia aliança com DEM, afirmou, publicamente, que não teria constrangimento em receber Dilma no Estado, onde o PT lançará Tarso Genro.

Mas se esquiva de opinar sobre o assunto dizendo que existe uma candidatura própria do PMDB à Presidência -a de Roberto Requião, que não é considerada viável pela cúpula da legenda. “Aqui, o PMDB apoia Requião. Não posso falar sobre Serra ou Dilma”, afirmou.

No Espírito Santo, tucanos admitem apoiar o senador Renato Casagrande (PSB).

No Amazonas, o PSDB pode apoiar Serafim Corrêa (PSB), desde que ele se disponha a fornecer um palanque para Serra, já que Dilma deverá estar aliada ao ministro Alfredo Nascimento (PR).

No Paraná, o PSB apoiará a candidatura de Beto Richa ao governo do Estado, ocupando o palanque do PSDB. Já o DEM flerta com Osmar Dias, numa tentativa de esvaziar o palanque de Dilma.