A procura por planos odontológicos disparou nos últimos oito anos. De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a comercialização de planos individuais cresceu mais de 500% entre dezembro de 2000 e março de 2009. Contudo, a maioria dos pacotes dentários cobre apenas procedimentos básicos. Por isso, é preciso fazer as contas dos gastos anuais com dentista para verificar se há vantagem na contratação.

– O consumidor deve avaliar quanto gasta com consultas e procedimentos e comparar com o preço dos planos, além de avaliar as coberturas oferecidas – ensina a técnica da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), Gisele Rodrigues.

Próteses e implantes

A maioria dos planos, segundo pesquisa feita pela Pro Teste em agosto de 2009, deixa de fora próteses e implantes dentários, considerados estéticos, e radiografias panorâmicas e extraorais. Aparelhos ortodônticos e sua manutenção também não são cobertos por muito planos

A publicitária Ana Paula Teixeira, de 32 anos, costuma gastar entre R$ 250 e R$ 300 por ano com consultas de rotina e limpeza. Um plano odontológico que custa em média R$ 30 por mês, ou R$ 360 ao ano, para ela não valeria a pena.

– No ano passado, no entanto, acabei gastando R$ 1.000, porque tirei dois cisos – lembra Ana Paula. Neste caso, ela teria feito uma economia de pelo menos R$ 520 se tivesse um plano de R$ 40 por mês – um dos mais caros do mercado.

Advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Juliana Ferreira ressalta que o consumidor não deve se deixar levar só pelo preço. “Alguns planos são baratos, mas não têm uma boa rede. O mais importante, portanto, é avaliar a melhor relação custo-benefício. Uma dica é consultar amigos que têm planos odontológicos e estão satisfeitos”, destaca.

A diferença entre os preços pode passar de 400% para um mesmo tipo de plano, segundo pesquisa da Proteste. Os pacotes individuais disponíveis no Rio de Janeiro variam de R$ 12,16 a R$ 40. É possível ainda fazer planos familiares, que podem custar entre R$ 59,70 e R$ 114 para três pessoas (mínimo exigido).

Rede credenciada

A professora Waleria Santos se arrependeu de contratar o plano odontológico ao constatar que a rede credenciada é reduzida. “Várias vezes bati com a cara na porta porque chegava nos lugares e não atendiam mais o plano” contou Waleria, que citou ainda a demora para a autorização.

O consumidor também deve ficar atento aos prazos de carência. Em geral, são 30 dias para exames e consultas. Para poder fazer canal, por exemplo, costuma levar 120 dias.

A empresária Terezinha Luna, de 83 anos, tem plano dental da Unimed e, mesmo assim, gastou mais de R$ 40 mil no ano passado. “Estou fazendo implantes e meu plano não cobre. Acabo fazendo tudo com a mesma dentista e quase não uso o plano, que é junto com o de saúde e acabo me esquecendo de cancelar”, conta.

O consumidor deve verificar ainda os dentistas credenciados ao plano e se há consultórios próximos da residência, trabalho ou em local de fácil acesso. “É preciso solicitar a cópia do contrato. Negociações devem ser registradas. Se não estiver no contrato, pode ser escrito à caneta mesmo”, explica Juliana, do Idec. As operadoras de planos de saúde devem estar registradas no site da ANS (www.ans.gov.br).