O presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Luiz Antônio Araújo Mendonça, afirmou nesta quinta-feira (19) em entrevista coletiva na sede do tribunal, que antes do atentado já havia recebido ameaças de morte. Ao sair de casa na manhã de quarta-feira (18), o presidente TRE-SE foi abordado por quatro homens encapuzados e teve o carro atingido por 37 tiros de armas de calibre .380 e 12.

“Tenho um irmão sacerdote que já é falecido. Uma vez ele recebeu um telefonema dizendo que se preparasse na condição de padre para dar ao irmão e extrema unção por conta da impertinência e do trabalho que eu vinha desenvolvendo”, afirmou o desembargador.
Segundo Mendonça, a ameaça feita em 2001 teria sido motivada pela investigação que ele comandou como promotor de Justiça no município de Canindé de São Francisco, a cerca de 200 quilômetros da capital de Sergipe. Na época, a investigação revelou um esquema de desvio de dinheiro público envolvendo um acusado de pistolagem e corrupção em vários estados do Nordeste que está foragido há dois anos. Apesar de não atribuir a responsabilidade do atentado, o presidente do TRE-SE admitiu que o foragido da polícia pode ser um dos suspeitos de envolvimento no crime.

“Não posso afirmar ser ele o autor. E estaria cometendo uma injustiça não é função nossa precipitar qualquer ordem de investigação. Esse personagem tem um histórico de crime que pode até levar à injustiça de apontá-lo como o autor. Tem alguns mandados de prisão contra ele, ou seja, seu histórico não é bom”, disse o desembargador.

Mendonça disse que existem pelo menos duas linhas de investigação. Uma delas estaria apurando supostas ligações entre o crime e casos passados, como o de Canindé de São Francisco. Outro rumo das investigações apontaria para atuação do desembargador como presidente da Câmara Criminal do TJ-SE. Nesse cargo, Mendonça tem trabalhado no combate ao tráfico de drogas no estado.

Ele afirmou que a Câmara Criminal vai entregar à Polícia um levantamento dos casos relacionados ao tráfico para auxiliar nas investigações.

Questionado sobre a existência de uma lista de execução de autoridades no estado, Mendonça admitiu ter ouvido “boatos” sobre o assunto. Segundo ele, na suposta lista estaria o nome de sua filha, a juíza Maria Luiza Mendonça.

O presidente do TRE-SE contou detalhes sobre o momento do atentado e sobre como reagiu depois de ser abordado pelos atiradores. “Percebi o disparo no carro e logo senti que resíduos de vidro tinham ido de encontro a minha cabeça. Deitei no banco e percebi que projéteis passavam muito próximos ao meu corpo, desci para o assoalho, quando vi que o motorista tinha aberto a porta e desabado”, disse Mendonça.

Segundo o desembargador, os primeiros tiros disparados contra o carro oficial atingiram a cabeça do motorista, o cabo da Polícia Militar, Jailton Pereira. Ele foi operado na quarta-feira no Hospital de Urgência de Sergipe e, segundo boletim médico, está em estado grave.