Prefeitos das maiores cidades de Mato Grosso do Sul têm declarado apoio a candidatos da coligação adversária. A escolha se dá mais por “questões administrativas” do que por afinidade partidária ou ideológica.

Entre os prefeitos que abertamente defendem candidatos do grupo rival estão Ari Artuzi (PDT) de Dourados, Flávio Kayatt (PSDB) de Ponta Porã, Celso Vargas (PTB) de Maracaju. O próprio prefeito da Capital, Nelsinho Trad (PMDB), contraria decisão do partido local no que diz respeito às eleições presidenciais.

Recentemente, Ari Artuzi causou polêmica ao divulgar seus candidatos nestas eleições. O PDT está incluído da na Coligação “A Força do Povo”, encabeçada pelo ex-governador Zeca do PT. Mas, Ari Artuzi só apoia candidatos da chapa adversária “Amor, Trabalho e Fé” liderada pelo atual governador André Puccinelli (PMDB).

Além de apoiar o governador, ele informou que vota em Ary Rigo (PSDB) para deputado estadual e Waldemir Moka (PMDB) para senador. Ele, inclusive, mandou “gravar e filmar” a declaração de voto para que não restassem dúvidas sobre sua decisão.

A escolha teria como explicação a atenção adminsitrativa que o governo do Estado tem dado a Dourados. Após declaração de voto, Artuzi e Puccinelli saíram juntos pelas ruas da cidade. O governador divulgava aos populares ter injetado em R$ 328 milhões para obras em Dourados.

Outro prefeito que segue o exemplo de Artuzi e revela a escolha de candidatos do grupo adversário é Flávio Kayatt (PSDB) de Ponta Porã. Ele inseriu entre seus escolhidos o candidato a senador Delcídio do Amaral, do PT.

“Eu o escolhi por gratidão. Ele ajudou muito a melhorar a qualidade de vida do povo de Ponta Porã”, justifica. Os demais escolhidos pelo prefeito são André Puccinelli (PMDB) para governador, Waldemir Moka (PMDB) para senador, Reinaldo Azambuja (PSDB) para deputado federal e Dulce Manosso (PSDB) para estadual, todos da coligação “Amor, Trabalho e Fé”.

Além de Moka, o grupo tem ainda outro candidato a senador é o vice-governador Murilo Zauith (DEM). Para Kayatt, sua escolha não é uma traição à coligação.

“Esta é uma questão doméstica. Não para se basear só nos partidos. Veja o PMDB, tem gente no partido que apoia o Serra [PSDB], sendo que a lengenda indicou o vice de Dilma [PT]. Não para se sustentar só em cima do partidarismo. Tem que ver as questões estaduais e locais”, cita.

Ele cita que, em Ponta Porã, o PT apoiou sua reeleição. “Mas, o fato de poiar Delcídio não significa que estão defendendo o PT. Vale mais a conversa com o político do que com o partido”, analisa.

Quem também não esconde ter feito uma escolha mista nestas eleições é o prefeito de Maracaju, Celso Vargas. O partido dele, o PTB, fechou aliança nacionalmente com José Serra e com André Puccinelli no Estado. O prefeito só está sintonizado com a decisão em um voto. Nos outros cinco escolheu nomes da chapa adversária.

“Estou com Dilma [PT] para presidente, Puccinelli [PMDB] para governador, Delcídio [PT] e Dagoberto [PDT] para senador, Vander [PT] para deputado federal, Gerson Claro [PDT] para deputado estadual”, revelou.

O prefeito havia inicialmente declarado que apoiaria Zeca do PT, mas acabou cendendo aos apelos do presidente nacional da legenda, Roberto Jefferson, e hoje, segundo ele, pede votos para Puccinelli. Jefferson também insistiu para que ele apoiasse Serra, mas neste ponto, disse que entenderia seu posicionamento.

Vargas disse que, por hora, não vive desconforto dentro do PDT por causa de suas escolhas eleitorais. Ele também escolheu seus candidatos pela atenção dada ao município.

Já o prefeito de Campo Grande está quase que inteiramente seguindo sua coligação. Ele apoia Puccinelli, Moka, Murilo e tem dois irmãos concorrendo à Câmara Federal e Assembleia, respectivamente, Fábio e Marcos Trad, ambos do PMDB.

Recentemente, uma prefeita petista de pequena cidade declarou apoio a Puccinelli surpreendendo o PT. Eledir Barcellos, de Santa Rita do Pardo, justificou sua decisão afirmando que o atual governador tem ajudado as pequenas cidades da região do Bolsão.

Os partidos têm mecanismos para punir lideranças que seguirem as determinações da legenda, mas até aqui nenhum deles se posicionou sobre possíveis sanções.