Contribuíram também o alto preço do boi magro, a melhoria do poder aquisitivo da população, consumindo mais, e o aquecimento das exportações de carne bovina”, afirmou o professor Celso Correia de Souza

A inflação na cidade de Campo Grande, no mês de novembro, teve forte alta em relação ao mês de outubro, da ordem de 1,00%, motivada, principalmente, pelo aumento da carne bovina. “Ainda se sente o reflexo da forte estiagem que aconteceu na entressafra desse produto.

Aliado a isso temos o alto preço do boi magro, a melhoria do poder aquisitivo da população, consumindo mais, e o aquecimento das exportações de carne bovina”, afirmou o professor Celso Correia de Souza, que coordenada o Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes) da Universidade Anhanguera-Uniderp, responsável pelo levantamento. Os cortes de carnes de frango e suína também sofreram fortes aumentos.

“É bom lembrar que o preço da carne bovina no comércio exterior está em alta, em torno de 22% somente em 2010”, disse.

Dos sete grupos que compõem o IPC/CG, somente Habitação apresentou deflação (-0,14%), os outros seis tiveram inflações positivas: Alimentação 3,58%, Vestuário 0,96%, Transportes 0,40%, Despesas Pessoais 0,33%, Saúde 0,18% e Educação 0,15%. “A maior contribuição positiva para a inflação foi do grupo Alimentação, com 0,89% e a maior contribuição negativa foi a do grupo Habitação, com (-0,04%). As contribuições são diretamente proporcionais aos índices com as respectivas ponderações”, lembrou Souza.

No grupo Habitação houve queda nos preços de televisores (-6,39%), fogão (-5,35%), esponja de aço (-5,17%) e microcomputadores (-4,66%). Já o índice de preços do grupo Alimentação apresentou a maior alta do ano de 2010. “A tendência é o índice desse grupo se manter em alta nos próximos meses devido à escassez da carne bovina, que teve forte aumento de preço ultimamente”, observa o pesquisador José Francisco Reis.

Os produtos que tiveram as maiores altas foram: filé mignon, com 18,59%; pernil suíno, com 16,77%; maçã, com 14,82%; farinha de trigo, com 14,52%; patinho, com 14,09%; e acém, com 14,01%.

No item carnes foram constatados fortes aumentos de preços em todos os cortes e tipos de carnes, destacando, além do filé mignon e do patinho, o acém, com aumento de 14,01%, a alcatra, com 13,40%, o lagarto, com 12,37% e o coxão-mole, com 11,12%.

A carne suína também teve forte reajuste de preços: além do pernil, a bisteca aumentou 13,73% e a costeleta, 6,92%. A carne de frango seguiu a mesma tendência: o frango congelado registrou aumento de 1,60% e os miúdos, de 5,13%.

Outro grupo com acentuada alta em seu índice foi de Transporte, principalmente, por causa dos reajustes dos preços dos combustíveis, destacando o etanol, com 2,87%; e a gasolina com, 0,92%. Também apresentou forte alta o grupo Vestuário. A camiseta masculina subiu em média 7,15%, o sapato feminino, 6,44% e o sapato masculino, 5,98%. O grupo Despesas Pessoais apresentou moderada inflação. Aumentos de preços ocorreram com os seguintes produtos e serviços: protetor solar (12,34%), manicure e pedicure (9,33%) e hidratante (1,63%).

No grupo Educação, que apresentou pequena alta, houve reajustes nos preços de artigos de papelaria, em média, de 1,44%. De acordo com o pesquisador José Francisco dos Reis, verificou-se pequena inflação no grupo Saúde, destacando com aumentos de preços: antidiabético, com 2,78%, antialérgico e broncodilatador, com 2,73%, e antimicótico e parasiticida, com 2,34%.

Inflação Acumulada – A inflação acumulada em Campo Grande, de janeiro a novembro de 2010, está em 5,77% e a inflação acumulada nos últimos 12 meses em 5,93%, os dois valores bem acima do centro da meta inflacionária estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) que, para 2010, é de 4,5%, com tolerância de 2% para mais ou para menos.

Em relação à inflação acumulada nesses últimos 12 meses, destacam-se os grupos Alimentação, com 12,80%, Educação, com 6,23%, Saúde, com 6,03%, todos índices acima da inflação acumulada nesse período, que foi de 5,93%. Em 2010 destacam-se, com fortes inflações acumuladas os grupos: Alimentação, com 13,11%, Educação, com 6,21% e Saúde, com 5,78%, índices também acima do geral acumulado no ano, que foi de 5,77%.

Dez mais e dez menos – Na composição do Índice de Preços ao Consumidor alguns produtos se destacam influenciando para mais ou para menos o índice do mês. Os dez produtos que mais contribuíram para a elevação da inflação em novembro foram: alcatra, acém, pão francês, contrafilé, patinho, etanol, costela, leite pasteurizado, arroz e açúcar. Os dez produtos que contribuíram para frear a inflação em novembro foram: azeite, computador, queijo mussarela/prato, queijo-de-minas, blusa, cebola, automóvel novo, tomate, televisor, antiinflamatório e antirreumático.

Metodologia – O IPC/CG é um indicador da evolução do custo de vida das famílias dentro do padrão de vida e do comportamento racional de consumo. O Índice busca medir o nível de variação dos preços mensais do consumo de bens e serviços, a partir da comparação da situação de consumo do mês atual em relação ao mês anterior.

O IPC/CG é calculado mensalmente pelo Núcleo de Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes), da Universidade Anhanguera-Uniderp, com início da coleta de preços todo primeiro dia útil do mês. São pesquisados mais de 2,7 mil preços, semanalmente, cujo resultado final se resume em indicadores que refletem a mudança nos preços nos grupos Habitação, Alimentação, Transportes, Despesas Pessoais, Saúde, Vestuário e Educação.

A base para a construção do Índice de Preços ao Consumidor é a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) que se baseia em um estudo detalhado do consumo das famílias de Campo Grande com rendimento de 1 a 40 salários mínimos, com o objetivo de estabelecer a estrutura do consumo por tipos de produtos e serviços.

O período de coleta de preços corresponde às três primeiras semanas do mês, sendo pesquisados produtos alimentícios, industrializados in natura, lácteos, bens duráveis, serviços de habitação e profissionais, medicamentos, produtos eletrônicos, e outros.