No posto de saúde da Vila Almeida (foto), situação é tensa; Prefeitura defende  como medida de emergência colocar PMs nas unidades de Saúde

Nove dias após a morte de Leonardo Brito, 22, no Posto da Vila Almeida, funcionários e usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) fazem um desabafo: é preciso aumentar o número de médicos.

Ocorre que este episódio de morte por suspeita de dengue hemorrágica dentro de uma unidade de saúde deixou revolta entre a população. Para quem trabalha no dia-a-dia da Saúde ficou o ônus da falta de equipe.

Na última quinta-feira (21), funcionários foram agredidos por pacientes cansados de esperar pelo atendimento.

O risco de revolta fez o prefeito de Campo Grande Nelson Trad Filho (PMDB) anunciar uma ida até o local nesta segunda-feira (25), quando acompanhado do secretário de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini, deverá conversar com pacientes, funcionários e médicos.

A proposta do prefeito da Capital é ter a PM (Polícia Militar) dentro dos postos. Mas, ocorre que o policiamento ostensivo nas ruas da cidade é a responsabilidade da PM, que pode acabar sacrificada.

Na avaliação do prefeito, a presença de policiais militares nos postos “é muito necessária” agora. “A situação não está para brincadeira, precisamos de uma solução para isso”, diz. Atualmente, os postos não têm agentes de segurança armados. Há apenas os agentes patrimoniais que zelam pelo local. “Eu fiquei muito preocupado, precisamos estabelecer uma agenda urgente para segurança nos postos de saúde”.

O incidente de quinta-feira à noite na Vila Almeida não é um fato inédito na rede pública de saúde de Campo Grande. No dia 8, uma paciente agrediu uma médica no Coophavilla II. Ela responde inquérito criminal por agressão.

In loco e mais médicos 

A reportagem do Midiamax procurou a administração do posto de saúde do Vila Almeida, porém as pessoas preferiram não ter os nomes divulgados. Mas, a informação é de que nessa época do ano, o posto chega a atender de 400 a 500 por dia. Os profissionais endossam as reclamações e afirmam que deveria haver mais médicos, principalmente, pediatras. Atualmente, atendem no local 4 pediatras e 5 clínicos gerais

Já para o agente patrimonial que estava trabalhando nesse domingo no posto de Saúde do Vila Almeida, a solução para o problema da segurança não passa pela utilização de policiais militares, mas sim de médicos e outros agentes patrimoniais. “Foi um fato isolado o que aconteceu nessa quinta-feira, é preciso só mais agentes, não são necessários policiais militares.

Para a população que utiliza o posto de Saúde da Vila Almeida, antes de se colocar policiais militares é necessário que se invista em infraestrutura e na contratação de médicos para que episódios como o da quinta-feira à noite não se repitam, já que o atendimento ficaria mais ágil e melhor.

Dentre essas pessoas que acreditam que o necessário é mais médicos está Nilson Prates da Silva, de 27 anos. Vítima da dengue, ele reclama que, muitas vezes, é preciso esperar mais de 3 horas para ser atendido.

“Tem fila para marcar, depois tem a pré-consulta, aí é que você é atendido. Na última segunda-feira, eu cheguei às 20h e já era 23h30 e eu não tinha passado pela pré-consulta ainda. Não deveria se colocar mais policiais, mas sim mais médicos.

Essa também é a opinião de Laércio Magnum Martinez, auxiliar de carga, que no último dia 7 de janeiro, com dores na garganta, febre e garganta, não agüentou esperar mais de 3 horas e foi embora sem ser atendido. Neste domingo, ele estava esperando de novo atendimento no posto de saúde.

Para a dona-de-casa Ana Rossi, cujo marido está sendo atendido por causa da dengue, a história não é diferente. Por causa da espera, a mulher se revolta e diz que o que posto precisa é de mais médicos e não de policiais. “Policial não vai consultar ninguém, o atendimento é muito demorado”, afirma a mulher.

Além da falta de médicos, os usuários também reclamam da falta de equipamentos do posto. Como é o caso da esposa de Miguel VIttar, de 36 anos, que estava com o tornozelo inchado e que não pode fazer o exame de raio – x pela falta do equipamento.

“Minha esposa está com o tornozelo inchado e aqui não tem raio-x, não podemos ser atendidos e tivemos que ir para outro lugar”, afirma Miguel.