Receber uma Copa do Mundo exige muito planejamento do país anfitrião e das cidades-sede. Além dos estádios e da infraestrutura de transporte, é preciso preparar os locais para receber um grande número de visitantes.

As melhorias devem permanecer para a população, como ocorreu em Saint Dennis, no subúrbio de Paris. O urbanista Iuli Nascimento, que vive na capital francesa há 30 anos, explica que o desenvolvimento proporcionado pela construção do Estádio da França para a Copa de 98 é sentido até hoje.

“Efetivamente, na área de Saint Dennis, um dos maiores objetivos era transformar a dinâmica de ocupação industrial que degradou muito o setor. Uma das prioridades da equipe era criar uma mistura de atividade, tanto residencial, como comercial e atividade secundária”.

Hoje, a região abriga um centro de artes do circo, vários bancos e um polo de saúde. De acordo com o urbanista, a habitação que existia no local era de má qualidade, e atualmente há uma renovação total da área.

Para a Copa de 2006, a Alemanha reforçou os serviços. O responsável pelo Departamento de Esportes no Senado alemão, Jorg Fisher, lembrou que houve planejamento em todos os setores de segurança.

A saúde também recebeu reforços, com a suspensão de férias e folgas dos funcionários. “Em hospitais e nas redes de emergência, o corpo médico foi ampliado e plantões para casos de catástrofes foram implantados nas redondezas dos estádios durante os jogos”.

Outro fator importante para receber uma Copa do Mundo é o apoio popular, lembrou o tesoureiro da Federação Alemã de Futebol, Horst Schmidt. “Sem um apoio sobrenatural da população não se pode organizar uma Copa. A população tem que querer e dizer: sim, eu apoio esse projeto.

O apoio da população foi demonstrado também na recepção que os visitantes tiveram na Alemanha. O jornalista esportivo de Frankfurt Thomas Kilchenstein garantiu que a Copa foi o melhor evento dos últimos 30 anos para o país.

“Todos os alemães foram às ruas comemorar com os ingleses, com os franceses, com os brasileiros, com todos os países. Foi uma festa de futebol muito bonita e muito pacífica. Todos os ingressos foram vendido para todos os jogos.”

Para Thomas, a realização da Copa mudou a imagem que o mundo tem do povo alemão. “Os alemães podem organizar bem, conseguem tudo, mas são como robôs e frios. Essa festa mostrou que nós somos agradáveis, simpáticos, amigáveis e também podemos festejar com os estrangeiros. O tema da Copa na Alemanha foi “Em Casa de Amigos!”.

Horst Schmidt, que também é consultor da Federação Internacional de Futebol (Fifa), ressaltou a importância dos locais públicos para assistir aos jogos, principalmente em países em desenvolvimento.

“Boa parte da população ganha tão pouco que não tem como comprar uma entrada para assistir a um jogo”. Para resolver o problema têm sido utilizados os telões, que possibilitam aos torcedores asssistir aos jogos fora dos estádios.

O Brasil já iniciou os preparativos para sediar a Copa de 2014. O ministro do Turismo, Luiz Barretto, explicou que o governo está preocupado com a qualificação profissional.

“A gente tem esse guarda-chuva que se chama Bem Receber Copa, um grande programa de qualificação profissional que abrange os setores dos transportes, de bares e restaurantes, de cultura, da guarda-civil metropolitana, de hospitais.”

O programa foi lançado no começo do ano. De acordo com o ministro, também serão passadas noções básicas de inglês e espanhol. “A gente precisa pensar em serviços de melhor qualidade. Os restaurantes, por exemplo, têm que ter cardápio fora do português, assim como o serviço bancário e o caixa eletrônico devem ter as opções de espanhol e inglês.