O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (3), na Argentina, que a proposta de receber no Brasil a iraniana condenada à morte por apedrejamento foi um pedido de caráter humanitário e não político. “Eu não fiz um pedido de asilo. Eu fiz um pedido mais humanitário do que uma coisa política”, disse o presidente.

O apelo de Lula pela vida de Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, feito na última sexta-feira (31), durante comício no Paraná, foi visto como uma interferência pelos iranianos. Sakineh foi condenada à morte acusada de adultério.

O ministro de Relações Exteriores do país islâmico, Ramin Mehmanparast, sinalizou nesta terça que deve rejeitar a proposta do Brasil e classificou Lula de “emotivo”. Ele afirmou ainda que o presidente brasileiro não deve ter recebido informações suficientes a respeito do caso de Sakineh.

Questionado sobre as declarações do chanceler, Lula disse: “Eu fico feliz que o ministro do Irã tenha percebido que eu sou um homem emocional. Se for, Muito emocional”. O presidente se disse disposto a dialogar, “se houver disposição” por parte do Irã  e afirmou que “como cristão” considera o apedrejamento uma “morte bárbara”.

“Pelo que soube, ou ela ia morrer por apedrejamento ou por enforcamento e nenhuma dessas mortes é humanamente aceitável. Obviamente que se houver a disposição do Irã em conversar sobre esse assunto, nós teremos imenso prazer de conversar e, se for o caso, essa mulher poderia ir ao Brasil”.

No entanto, Lula destacou que é preciso respeitar a soberania e as leis de cada país. “Sobre a questão de direitos humanos no Irã, eu sei que cada país tem suas leis, sua constituição, sua religião. E, gostando ou não, temos que respeitar o procedimento de cada país”, afirmou.