Midiamax esteve no posto de Saúde do Bairro Guanandi, onde pacientes aguardam deitados nos bancos; cidade vive epidemia e já registra ao menos 10 mil casos desde janeiro

Com dores pelo corpo, febre e em busca de atendimento médico, pacientes com sintomas da dengue lotam os postos de Saúde e na unidade 24 horas do Bairro Guanandi chegam a esperar por pelo menos 7 horas, segundo constatou a reportagem do jornal Midiamax nesta tarde. Às 16h30 cerca de 120 pessoas estavam no local.

Segundo a administração da unidade, há casos de pacientes que chegam com suspeita de dengue hemorrágica (leia sintomas abaixo).

Com suspeita do quadro mais grave da doença, Regina Barone, 66, moradora do Jóquei Clube, e Doralice Bejarano, 58, que reside no Conjunto Buriti, aguardam há sete horas pelo resultado do exame.

Regina Barone passou pelo posto ontem às 7h30 e foi atendida Às 13h. Hoje às 9h ela voltou em busca do resultado. Já Doralice, chegou às 8 horas e espera deitada no banco.

Sem pediatra

O pintor Ezequiel de Oliveira, 21, mora no Bairro São Conrado. Ele busca atendimento de médico pediatra para o filho de 5 meses. O recém-nascido, alimentado com leite materno, tosse bastante. Segundo a escala de plantão divulgada pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), os pais só encontrarão pediatra a partir das 18 horas na Unidade Guanandi.

Nesta tarde, há médicos pediatras nos postos do Coronel Antonino, Tiradentes, Vila Almeida, Moreninhas e Hospital da Mulher.

Faltam profissionais para atender crianças no posto Guanandi, Nova Bahia, Aero Rancho, Universitário e Coophavila II.

Já à noite são 36 pediatras em todos os 9 postos 24 horas e no hospital da Mulher, nas Moreninhas.

Dengue

Após a picada do mosquito, os sintomas se manifestam a partir do terceiro dia. O tempo médio do ciclo é de 5 a 6 dias.O intervalo entre a picada e a manifestação da doença chama-se período de incubação. É depois desse período que os sintomas aparecem:

Segundo o Ministério da Saúde, a transmissão da doença raramente ocorre em temperaturas abaixo de 16° C, sendo que a mais propícia gira em torno de 30° a 32° C. A fêmea coloca os ovos em condições adequadas (lugar quente e úmido) e em 48 horas o embrião se desenvolve.

É importante lembrar que os ovos que carregam esse embrião podem suportar até um ano a seca e serem transportados por longas distâncias, grudados nas bordas dos recipientes. Essa é uma das razões para a difícil erradicação do mosquito. Para passar da fase do ovo até a fase adulta, o aedes demora em média dez dias.

Os mosquitos acasalam no primeiro ou no segundo dia após se tornarem adultos. Depois deste acasalamento, as fêmeas passam a se alimentar de sangue, que possui as proteínas necessárias para o desenvolvimento dos ovos.

O Aedes Aegypti mede menos de um centímetro, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas. Costuma picar nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte, mas, mesmo nas horas quentes, ele pode atacar à sombra, dentro ou fora de casa. Há suspeitas de que alguns ataquem durante a noite. O indivíduo não percebe a picada, pois no momento não dói e nem coça.

Segundo uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) a fêmea do Aedes voa até mil metros de distância de seus ovos. Com isso, os pesquisadores descobriram que a capacidade do mosquito é maior do que os especialistas acreditavam. Até então, eles sabiam que o Aedes só se distanciava cem metros.

Dengue Hemorrágica

Os sintomas da dengue hemorrágica são os mesmos da dengue comum. A diferença ocorre quando acaba a febre e começam a surgir os sinais de alerta:• Dores abdominais fortes e contínuas.

Vômitos persistentes • Pele pálida, fria e úmida• Sangramento pelo nariz, boca e gengivas• Manchas vermelhas na pele• Sonolência, agitação e confusão mental• Sede excessiva e boca seca• Pulso rápido e fraco• Dificuldade respiratória• Perda de consciência. Na dengue hemorrágica o quadro clínico se agrava rapidamente, apresentando sinais de insuficiência circulatória e choque, podendo levar a pessoa à morte em até 24 horas.

De acordo com estatísticas do Ministério da Saúde, cerca de 5% das pessoas com dengue hemorrágica morrem. O objetivo do Ministério é que esse número seja reduzido a menos de 1%.