O governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), deve se desfiliar do DEM até a próxima segunda-feira. A promessa foi feita nesta quinta-feira por telefone o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), conforme antecipou o blog do Josias.

A saída do DEM é uma forma de evitar a expulsão do partido, tese que ganhou força entre líderes da legenda depois que Paulo Octávio decidiu permanecer no governo pelo menos até o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir sobre a intervenção no DF.

Segundo Agripino, o governador interino tinha telefonado no início da tarde para comunicar sua decisão de renunciar ao cargo. Cerca de três horas depois telefonou novamente para pedir desculpas e avisar que vai sair do partido.

“Ele pediu desculpas pela decisão de continuar no cargo mas disse que vai se desfiliar até segunda-feira. E se não desfiliar, o partido vai fazê-lo”, afirmou Agripino à Folha Online.

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) prometeu apresentar pedido de abertura de processo de expulsão de Paulo Octávio na reunião do partido, que deve ocorrer na quarta-feira, especialmente depois que o governador interino disse que agiu a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ficar no cargo.

“Agora, temos mais motivos ainda. Se o Lula passa a endossar a permanência dele no cargo, temos mais motivos para ele ser expulso do partido. Se ele tem a solidariedade do Lula, maravilhoso. O Lula já se solidarizou com o mensalão do PT, agora mais um mensalão que ele se solidariza”, disse Demóstenes em referência à suposta participação de Paulo Octávio no mensalão do DF.

O líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC), disse que Paulo Octávio teria que se afastar do governo porque o partido exigiu na semana passada que todos os seus filiados deixassem o governo do DF ou o partido –o que inclui o governador interino.

“A única recomendação que o governador em exercício do Distrito Federal, Paulo Octávio, deveria seguir é a de seu partido, o Democratas. Ao dizer que acatou conselho de presidente Lula, Paulo Octávio praticamente assina sua ficha de desfiliação”, disse o líder.

Ao rebater o suposto apoio de Lula à decisão de Paulo Octávio ficar no governo do DF, Bornhausen disse que o DEM vai punir os mensaleiros do partido. “Os democratas não pactuam, de maneira alguma, com a corrupção. E muito menos com o que o PT faz –ao invés de punir, premiar os mensaleiros, réus no Supremo Tribunal Federal e chamados de quadrilheiros pelo procurador-geral da República, com cargos de chefia no partido, no governo federal, no Congresso Nacional e no comando da campanha presidencial de sua candidata”, disse o líder.

Em nota, o deputado Antônio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA) disse que a decisão de Paulo Octávio permanecer no governo do DF está ligada à sua permanência no partido. Como o DEM decidiu que os seus filiados têm que sair do governo do DF, Paulo Octávio teria que sair do partido caso decida ficar no cargo. Ou, ao contrário, abrir mão do governo do DF caso resolva permanecer no DEM.

No pronunciamento em que anunciou sua decisão de ficar no comando do DF, Paulo Octávio disse que Lula o teria aconselhado a esperar a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a possível intervenção federal no DF antes de decidir renunciar ao governo. Apesar de ter a carta de renúncia redigida, o governador anunciou que vai permanecer no cargo. Paulo Octávio disse que tomou a decisão para garantir a estabilidade política do DF, por considerar que uma intervenção federal poderia trazer prejuízos ao governo local.

Mais tarde, Paulo Octávio negou que tenha acatado sugestão do presidente Lula ao decidir permanecer do cargo. Por meio de nota, o governador interino disse que, por falar de improviso, disse “inadvertidamente” que Lula teria lhe recomendado permanecer no governo do DF.

“O governo do Distrito Federal vem esclarecer que, durante seu discurso, nesta quinta-feira, no momento em que falava de improviso, o governador interino do DF, Paulo Octávio, disse, inadvertidamente, que o excelentíssimo senhor presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria ‘recomendado’ que ele permanecesse no governo”, diz a nota.

Segundo Paulo Octávio, em “nenhum momento o presidente fez qualquer sugestão, recomendação ou proferiu qualquer manifestação sobre sua permanência ou não no cargo”. Na nota, Paulo Octávio diz ainda que, durante o encontro com o democrata, Lula ‘apenas manifestou sua preocupação com a questão institucional de Brasília’.

Lula

Interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva negaram nesta quinta-feira que o petista tenha aconselhado o governador do Distrito Federal a permanecer no cargo. Ministros que acompanharam a reunião de Lula com Paulo Octávio, realizada hoje de manhã, negaram que o presidente tenha feito essa recomendação. A Folha Online apurou que Lula ficou irritado com a declaração do governador.

No encontro, segundo fontes do Palácio do Planalto, Lula disse a Paulo Octávio para discutir a situação com os seus colegas de partido. “Essa é uma decisão de foro íntimo. Ouça os seus pares”, disse Lula segundo relato de participantes da reunião.