Uma pesquisa online realizada por uma organização britânica em Londres indica que as mulheres são mais duras ao julgar as vítimas de estupro do que os homens.

De acordo com o levantamento, a maioria das mulheres diz acreditar que algumas vítimas de estupro deveriam assumir responsabilidade pela agressão que sofreram.

A pesquisa foi realizada para marcar os dez anos da criação do serviço britânico Haven, que atende pessoas que sofreram estupro. O levantamento reuniu consultas a 1.061 pessoas –712 mulheres e 349 homens com idades entre 18 e 50 anos.

Entre os participantes, 71% das mulheres disseram que, se uma vítima teve relações sexuais com o estuprador antes de um ataque, ela deveria aceitar alguma responsabilidade no caso. Entre os homens, apenas 57% expressaram essa opinião.

Cerca de um terço das mulheres culpam a vítima que se vestiu de maneira provocante ou foi à casa do homem que acabou realizando o ataque para compartilhar uma bebida alcoólica.

Uma em cada dez pessoas entrevistadas diz não ter certeza se notificaria a polícia caso fosse estuprada, e 2% disseram que não levariam o caso às autoridades de forma alguma.

O principal fator apontado para não registrar a ocorrência é o constrangimento ou vergonha (em 55% dos casos), seguido pelo desejo de se esquecer da experiência traumática (41%) e pela resistência a ir a um tribunal em caso de julgamento (38%).

Segurança

A pesquisa sugere ainda uma atitude mais relaxada em relação à segurança. Quase a metade das pessoas dizem já ter ido para casa sozinhas por ruas de menor movimento. E uma em cada cinco afirma já ter ficado tão embriagada a ponto de não lembrar o que fez.

A gerente de um dos três postos da Haven em Londres, Elizabeth Harrison, defende que jamais deve haver uma desculpa para que uma mulher seja forçada a fazer alguma coisa que não quer.

“Claramente, as mulheres estão em uma posição em que precisam assumir a responsabilidade por si mesmas, mas o que quer que vistam ou façam não dá a ninguém o direito de estuprar”, afirmou.

“É importante que as pessoas parem e pensem no que estão fazendo e verifiquem se a pessoa com quem estão tem disposição de fazer o que está propondo”, acrescentou Harrison.