Regina Célia, 40 anos, pegou a criança, já devolvida à mãe, na enfermaria do Hospital Universitário e levou para a casa como se fosse sua

Uma gravidez inventada, esse foi o motivo explicado por Regina Célia Gomes (40). Com as mãos no rosto de dizendo-se arrependida, ela contou que raptou na manhã de hoje da enfermaria do Hospital Universitária, em Campo Grande, a recém nascida Kelly, pois havia forjado uma gravidez para agradar ao marido que não tinha filhos.

Segundo a polícia, Regina foi presa no conjunto Moreninhas. Ela estava com a criança no colo e não tentou fugir.

De acordo com o tenente da Polícia Militar Luciano Espíndola, que comandou a operação de captura da raptora, Regina tentou levar a criança em dois postos de saúde para forjar uma documentação da criança. Porém, como o bebê ainda estava com a pulseira de identificação, os policiais não tiveram dificuldades para dar voz de prisão.

“Ela tinha dito ao marido que estava grávida e resolveu pegar um bebê. Disse que saiu de casa para ‘ganhar’ hoje pela manhã e fez isso”, explicou o policial durante a apresentação da suspeita no 10º Batalhão da PM no Jockei Clube.

Eles então imediatamente levaram a criança para o HU onde a criança foi entregue para os pais. Emocionados, Laudinéia Alves (25) e Roberto Canavel receberam a pequena Kelli e Regina Célia foi conduzida ao 10º BPM.

Lá, ela justificar o ato que deixou a dona de casa em total desespero, alegando o fato de ter sofrido um aborto e a vontade de ser mãe de uma menina.

Durante a apresentação a imprensa, Regina contou uma história que lembra a de Nazaré, celebre personagem da novela Senhora do Destino, onde o personagem de Renata Sorrah ‘rapta’ a bebê de Maria do Carmo, interpretada por Suzana Vieira.

“Eu fiquei grávida e depois perdi o bebê, então fiz isso. Continuei falando que estava grávida para o meu marido. Então quando chegou a época de ‘ganhar’ eu entrei lá no hospital e peguei a criança”, disse. Regina sustentou o tempo todo que o marido não sabia de nada e que tinha feito tudo sozinha. Na versão dela, o fato de o marido não ter filhos e ela estar tentando engravidar depois do aborto motivou o rapto.

A raptora contou ainda que já é mãe de três filhos com idade de 25, 19 e 12 anos. “Eu não tinha nenhuma menininha. Meu marido não desconfiou de nada”. Segundo a própria autora, ela, que mora no Jardim Itamaracá, já tem passagem na polícia por tráfico de drogas.

“Eu vendia drogas e daí fui presa há cinco anos”, contou.

Do lado de fora, o marido de Regina aparentava calma, mas mesmo assim não quis conversar com a imprensa.

Falhas na segurança

Regina contou que não enfrentou nenhuma dificuldade para entrar no HU e ir até o quarto de onde retirou a criança. “Eu entrei lá sozinha, ninguém me parou nem perguntou nada. Entrei, vi a mãe e a criança dormindo e resolvi pegar a bebê. Saí normalmente, com a menina no colo”.

Em entrevista coletiva, o diretor do hospital José Carlos Dorsa Pontes admitiu que houve falhas no sistema segurança e que será aberta uma sindicância para apurar os fatos. Segundo ele, nas imagens de circuito interno não foi identificada nenhuma imagem da raptora saindo com o bebê.

O caso

Keli nasceu ontem na maternidade do Hospital Universitário, em Campo Grande e sumiu misteriosamente na manhã desta segunda-feira.

A dona de casa Laudinéia Alves, 25, deu entrada no hospital no sábado à noite e teve o bebê por meio de cirurgia cesariana no domingo por volta das 9 horas. Desde então, parentes da mãe ficaram no hospital acompanhando-a.

Hoje, o pai da criança, Roberto Canavel deixou a enfermaria do hospital por volta das 9h. Apenas Laudineia e a filha ficaram no local. A dona de casa disse ter amamentado a criança, almoçado e cochilado por alguns minutos. Ao acordar viu que a criança já não estava no berço. Ela saiu à procura da enfermeira, que também não soube do paradeiro da recém-nascida.

A mãe, ainda com dificuldades de se locomover, ligou para os parentes, que foram logo para o hospital. O pai da menina, que recebeu o nome de Kely, percorreu por todas as seções do Hospital Universitário, inclusive fora dele, onde fica uma mata ao arredor, mas não achou nenhuma pista.

O taxista José Aparecido de Moura foi quem deu a pista aos militares. Ele disse ter levado na hora do almoço uma mulher que carregava uma criança no colo até o posto de saúde Universitário, perto do hospital. Essa mulher, segundo o taxista, queria ir até o bairro Rouxinóis, mas seu dinheiro, R$ 13,00, não pagava a corrida, daí ela ficou no posto.

Ao descer do carro, ela teria chamado por uma colega que se chamaria Renata.

(Colaborou Celso Bejarano e Alessandra de Souza)