O Estado de Mato Grosso do Sul tem muitos talentos literários, mas ainda pouco conhecidos. Essa é a constatação do secretário-geral da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, membro também da Academia Maçônica de Letras de MS, e conselheiro estadual de Cultura de MS, Rubenio Marcelo, que lançou seu oitavo e mais recente trabalho, o livro de poesias Horizontes d’Versos, em Corumbá, na noite da última sexta-feira, 23 de julho, na Casa de Cultura Luiz de Albuquerque.

“Nosso país é rico de valores culturais, a cada instante a gente vê nascer novos valores. No nosso estado não é diferente, temos uma miscelânea de gêneros literários, temos novos escritores surgindo a cada dia. O que acontece é que temos o joio e o trigo, o que cabe é sabermos diferenciar uma coisa da outra porque também tem muitos aventureiros. Pra gente enveredar na área da Literatura, escrever alguma coisa que vai ficar documentado, que a gente vai colocar para os lares das pessoas, tem que ter muito cuidado, acima de tudo com a parte gramatical, com a correção da escrita. Nos preocuparmos com outros fatores que não aqueles puramente literários, que devem existir porque poesia tem que ter essa magia, a beleza da palavra. Se não tiver nada disso, sai um amontoado de palavras”, ponderou ao Diário ao descrever as qualidades de um bom texto poético.

Para referendar sua afirmação sobre a qualidade de escritores do nosso estado, Rubenio elencou alguns nomes com os quais o leitor interessado por uma literatura legitimamente sul-mato-grossense pode se satisfazer. “Posso citar como membros da Academia de Letras, Raquel Naveira; José Pedro Frazão, um dos maiores romancistas do Brasil com obras intituladas ‘Tuiuiú, My Brother’ e ‘Nas Águas do Aquidauana Eu Andei’, dois livros estudados, inclusive, nas universidades da França; Geraldo Ramão Pereira, um grande sonetista. Afora a Academia, temos Duval Filho, um grande poeta; Elias Borges; Elizabeth Fonseca, poetisa maravilhosa, declamadora de mão cheia e outros tantos.”  Apesar de afirmar que o  Mato Grosso do Sul precisa conhecer seus escritores, Rubenio se demonstra confiante com um quadro nacional que se apontou com uma pesquisa sobre o hábito da leitura entre os brasileiros e que revelou um dado importante, sobretudo para quem produz e consome o gênero poético.

“Houve uma pesquisa recente intitulada  ‘Retrato da Leitura no Brasil’, que foi feita pelo Instituto Pró Livro com a qual foi possível detectar que a poesia é o quinto gênero mais lido no país. A poesia realmente já foi o ‘patinho feio’ das leituras, os livros não eram comercializados, até hoje é difícil ainda, mas nós estamos muito felizes porque essa pesquisa também comprovou que 26 milhões de pessoas estão lendo poesia no Brasil e isso se deve aos movimentos literários; a um evento como esse de lançamento, que ajuda a divulgar a poesia; devemos às bienais”, detalhou. Na pesquisa citada, a Bíblia, os livros didáticos, o romance e a literatura infanto-juvenil surgem à frente da poesia.

Corumbá foi a sexta cidade brasileira contemplada com o lançamento da obra de Rubenio Marcelo, Horizontes d’Versos. Ele explicou que a Cidade Branca não poderia ficar de fora do roteiro de lançamentos.

 “É com muita alegria que a gente vem pra cá porque sabemos que Corumbá é uma cidade muito importante na cultura, na  história do Mato Grosso do Sul. E estarmos em Corumbá fazendo mais uma etapa do lançamento de nosso livro, que foi apresentado oficialmente em Campo Grande, Curitiba, Natal, João Pessoa, em várias capitais brasileiras, contempla o interior do nosso Mato Grosso do Sul. Corumbá, que é onde acontece muito da nossa cultura local. Estarmos lançando esse livro, que é um projeto aprovado pelo Fundo de Investimentos Culturais (FIC-MS), é uma etapa importantíssima porque atingimos esse público que é muito especial. Aqui temos vários companheiros de arte, de cultura , de poesia que a gente respeita e quer muito bem, então Corumbá é uma rota obrigatória para a cultura do Estado”, frisou o escritor.

Em ‘Horizontes d’Versos’, os textos revelam a própria história do poeta, pois ao compilar material dos sete livros publicados anteriormente, coloca de forma condensada a trajetória  e a versatilidade literária singular de Rubenio. “Vai desde o estilo clássico até o popular, desde o soneto até o hai-cai que é uma poesia diferenciada. Temos, inclusive, poemas bem ingênuos como os do meu primeiro livro, que lancei quando tinha 18 anos em Fortaleza, com aquela temática de beira de praia, do oceano, até o livro atual que foi o ‘Graal das Metáforas’, uma obra mais trabalhada, então é um livro bem eclético”, descreveu.