Idoso foi achado logo cedo; boletim policial narra que a vítima buscava abrigo no prédio da secretaria, cuja missão, em tese, é a de cuidar dos carentes

Um idoso amanheceu morto neste domingo, na varanda do prédio da Secretaria de Ação Social de Miranda, cidade distante 200 km de Campo Grande. É o segundo caso de morte supostamente motivada pela baixa temperatura registrada em Mato Grosso do Sul desde o início da semana passada. O outra morte ocorreu na cidade de Corumbá.

De acordo com boletim policial, o homem achado morto hoje em Miranda era conhecido como João Paulista ou João Paraná, e era morador de rua, segundo testemunhas.

João vestia calça e camisa de manga cumprida. O corpo dele estava caído no chão, em cima de um cobertor. A seu lado, um saco vazio, provavelmente usado por ele para carregar as roupas.

A vítima, presume o boletim policial, teria ido a varanda da Ação Social, cuja tarefa é cuidar dos carentes, se proteger do frio. Em Miranda, a temperatura oscilou entre 6º e 8º nesta manhã.

O corpo do morador de rua foi levado para o IML e até o início da tarde deste domingo nenhum parente seu havia ido lá. Ninguém da secretaria ainda se manifestou quanto ao episódio.

Em Corumbá

Já em Corumbá, segundo o site diarionline, a polícia registrou a morte do também morador de rua (com colaboração de Eline de Souza)

Leia abaixo, o relato de um especialista que explica como um ser humano pode morrer de frio. Material foi extraído do site mundoestranho.abril.com.br

Como pode uma pessoa morrer de frio?

A temperatura normal do corpo humano (37ºC) é regulada por uma região do cérebro chamada hipotálamo – ela nos faz suar quando o corpo precisa esfriar e nos deixa arrepiados quando necessitamos preservar calor no organismo. Se o frio externo for muito intenso, a primeira área a ser afetada é justamente o hipotálamo, que acaba perdendo essa capacidade de ajustar nossa temperatura. Como todas as reações químicas dentro do nosso organismo precisam de calor para se realizar, uma temperatura muito gelada faz com que as funções vitais aos poucos diminuam seu ritmo. “Se a pessoa estiver desagasalhada, abaixo dos 28ºC ela entra em estado de hipotermia – que quer dizer falta de calor para o corpo trabalhar”, afirma o fisiologista Mauro Antônio Griggio, da Unifesp. Trocando em miúdos: o coração, que precisa de energia – e, conseqüentemente, de calor – para bater, começa a reduzir o ritmo. O mesmo acontece com a respiração, que precisa da contração de músculos para funcionar.

Como a transmissão de impulsos do sistema nervoso central também precisa de calor, o indivíduo passa a perder sua sensibilidade. Dessa forma, ele vai perdendo a consciência até o coração parar de vez. O tempo que uma pessoa leva para morrer de frio varia de acordo com certas circunstâncias: se estiver ventando, por exemplo, ele é mais curto, pois o vento resfria o corpo com muito mais facilidade. “A uma temperatura de 10ºC, já bastante agressiva ao corpo humano, esse processo pode levar cerca de cinco horas para acontecer – isso se a pessoa estiver bem nutrida e agasalhada – infelizmente, esse não costuma ser o caso da maioria das pessoas que morrem nessas condições: em geral são moradores de rua”, diz Mauro.

Saiba mais sobre a morte registrada supostamente devido ao frio em Corumbá, em notícias relacionadas, logo abaixo