O ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, chamou de “ditador” o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e disse que o Brasil continua negociando a concessão de asilo para a iraniana Sakineh Mohammadi-Ashtiani, condenada à morte pelo crime de adultério.

“O governo Lula está pressionando diplomaticamente o governo iraniano para que permita que ela venha para o Brasil. E se esse ditador [Ahmadinejad] tiver um mínimo de bom-senso, deveria permitir que ela venha morar no Brasil e seja salva”, afirmou o ministro nesta segunda-feira, em São Bernardo do Campo.

Para Vannuchi, o respeito internacional aos direitos humanos deve se sobrepor até mesmo ao respeito às diferenças.

“A ideia de que o preceito cultural tem que ser mantido nos levaria a tolerar o infanticídio, por exemplo, e não podemos aceitar isso, como não podemos aceitar a amputação de clitóris promovida por países muçulmanos”, disse o ministro. “Tem que questionar e discutir isso, mas não com tanques de guerra e sim com o diálogo, pressionando [para mostrar] que não se pode condenar alguém ao apedrejamento.”

Vannuchi ainda defendeu a política externa do governo brasileiro, sustentando que a maior proximidade com os governos iraniano, venezuelano e cubano – acusados de violarem direitos humanos – não representam qualquer contradição no campo dos direitos humanos.

“Condenamos as violações de direitos humanos, seja no Irã, seja na Faixa de Gaza ou [na base naval norte-americana de] Guantánamo, mas não achamos que a violação dos direitos humanos em alguns países deve levar os Estados Unidos ou a ONU [Organização das Nações Unidas] a invadi-los militarmente, pois não há um único caso que tenha comprovado que uma intervenção militar ajude”, disse Vannuchi ao fim da cerimônia de abertura do 1º Seminário Internacional de Educação em Direitos Humanos, realizado pela Universidade Metodista, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.