Maria Cardoso dos Santos, de 58 anos, está inconsolável após a tragédia que se abateu sobre sua família. A dona de casa é mãe do lavrador Hermínio Cardoso dos Santos, de 24 anos, um dos dois mineiros já identificados como vítimas da chacina de 72 imigrantes ilegais no México. Juliard Aires, de 19 anos, é o outro imigrante reconhecido pelo Ministério das Relações Exteriores, também chamado de Itamaraty.

– Cresceram juntos, sonharam juntos e morreram juntos. Foram vítimas da mesma maldade. Parece um destino traçado.

Santos morava na zona rural de Sardoá, e Aires, na de Santa Efigênia de Minas, mas os 6 km entre uma casa e outra não impediam que estivessem sempre juntos.

As duas famílias receberam a confirmação das mortes no na noite do último sábado (28). Um representante do Itamaraty ligou para a casa da prima de Santos, Gislaine Aires de Almeida, de 34 anos, pedindo uma foto do mineiro, e ela enviou também a de Aires.

Coube a Gislaine informar aos familiares. Segundo a prima, os dois saíram de casa dia 3 de agosto e combinaram que só dariam notícias depois que cruzassem a fronteira do México, via Guatemala. Por causa disso, a preocupação só chegou na última semana, com a notícia da chacina, divulgada pela imprensa.

O pai de Santos – o aposentado Antônio, de 64 anos – conta que a família fez empréstimos para que o filho pudesse emigrar, aventura que ele tentou por três vezes. Há quatro anos chegou a entrar na Itália, mas foi deportado. Há cerca de 60 dias tentou ir para Portugal, mas foi pego assim que desceu em terras lusitanas. No último dia 2, resolveu seguir com o amigo Juliard para os EUA. O sonho dele era comprar uma moto, sua maior paixão, e depois uma casa.

– Mal consegui pagar os R$ 15 mil (US$ 9 mil) da viagem para a Itália e tive que fazer novo empréstimo. Desta vez, peguei R$ 23 mil porque o Hermínio prometeu me ajudar a pagar tudo. Agora estou com essa dívida toda e ainda sem meu filho. 

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