Os casos de violência nos postos de saúde da Capital têm criado um clima de insegurança que tem feitos os médicos a pensarem em abandonar os seus trabalhos. Na manhã de hoje, durante uma reunião com a Comissão de Saúde da Câmara Municipal, representantes do Sindicato dos Médicos e da Associação Médica alertaram para a possibilidade de debandada de médicos que trabalham nos postos de saúde por causa da insegurança. Além disso, os médicos também reclamaram da falta de valorização da categoria. 

Segundo o presidente do Sindmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) Marco Antônio Leite, na semana passada, os médicos promoveram uma assembléia geral e encaminharam um ofício ao prefeito Nelson Trad Filho solicitando um reajuste de 10%. Segundo Leite, atualmente, por 20 horas semanais, os médicos ganham R$ 1,8 mil. Eles aguardam ainda uma resposta da prefeitura.

Durante a reunião na manhã de hoje, os médicos afirmaram que a insegurança nos postos de saúde está tão grave que há funcionários que estão saindo ou ameaçando deixar seus postos. Segundo eles, para resolver a questão, é preciso que haja mais segurança nos postos de saúde, através do treinamento dos guardas municipais que, de acordo com eles, não estão preparados para conter conflitos graves. Além disso, eles ressaltam que é preciso que os médicos sejam mais valorizados com mais contratações de funcionários e aumento dos salários.

Entre os médicos que se mostraram insatisfeitos está o ginecologista Neudes Ribeiro, que trabalha no posto do Bonança, e que durante a reunião, posicionou-se como um “demissionário”, afirmando que do jeito que está não dá para continuar.

Na reunião, o vereador Paulo Siufi (PMDB), afirmou que a questão dos médicos tem que ser discutida e resolvida com urgência antes que ocorra uma tragédia. Segundo ele, é preciso que a classe médica seja valorizada e que os maus médicos sejam punidos. O vereador acredita que a audiência pública servirá como norte para a resolução dos problemas. 

“Estamos com receio, é preciso fazer algo antes que ocorra uma tragédia como um assassinato. É preciso dar segurança, mas colocar policiais militares cria um clima de conflito, os guardas municipais que têm que fazer a segurança. É preciso valorizar os médicos, vamos discutir isso na audiência pública e levantar os problemas. Estamos em uma epidemia de dengue e tem muitos problemas, se eu trabalhasse no posto de saúde do Guanandi à noite e tivesse que atender 200 pessoas, eu não iria trabalhar. A insegurança atrapalha até o médico a fazer os diagnósticos”, diz o vereador.

O vereador Dr. Loester é um dos que acredita que há falta segurança nos postos de saúde e que é preciso que mais médicos sejam contratados. Durante a reunião ele afirmou que a classe médica tem que buscar os seus direitos, já que está ocorrendo uma agressão em cima da outra.

 Já os vereadores  Ribeiro (PMDB) e Dr. Jamal (PR) responsabilizaram o prefeito Nelson Trad Filho sobre os problemas nos postos de Saúde. Segundo  Ribeiro, o prefeito tinha a meta de campanha de contratar 350 médicos, mas, segundo o vereador, isso não foi feito.

“Não adianta só fazer reuniões, é preciso resolver, se o problema é contratar mais médicos e melhorar os salários vamos trabalhar para ver como fazer isso. Tem gente que fica de 4 a 5h no Posto de Saúde”, afirmou Ribeiro.

No dia 8 de março, às 19h, haverá uma audiência pública que será comandada pelos vereadores Paulo Siufi, Ribeirto, Jamal Salem e Loester. Tanto o prefeito Nelson Trad Filho como o secretário municipal de saúde, Henrique Mandetta, além da população, serão convidados a participar.