A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, voltou a elogiar nesta terça-feira (3) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dessa vez, os elogios foram à sua política econômica, baseada em regime de metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal. Ela também defendeu a autonomia informal do Banco Central, ao contrário do que defende o candidato tucano à Presidência, José Serra.

As manifestações fazem parte da tática de campanha de Marina, que, ao elogiar Lula, tenta colar sua imagem a dele ao afirmar que ela é a candidata mais parecida com o perfil do petista. 

Foi durante encontro com economistas do setor financeiro, promovido pela CNF (Confederação Nacional das Instituições Financeiras), que Marina afirmou que “o Brasil atingiu um maduro consenso com base num sistema estável”. Tomando muito cuidado com o que dizia, ela preferiu ler um discurso de 30 minutos, no lugar de falar de improviso como faz usualmente.

– O bom momento da economia brasileira não pode ser desperdiçado.

Em seu discurso, Marina reconheceu que o Brasil entrou mais tarde na crise econômica internacional de 2008, e conseguiu superá-la antes de outros países. A candidata listou quatro fatores que contribuíram para esse desempenho: ajuste das contas externas, dinamismo do mercado interno, manutenção da política econômica e a rápida resposta do governo Lula à crise com medidas como redução da taxa de juros e a isenção de impostos para alguns setores. A candidata destacou também a atuação dos bancos estatais no aumento da concessão de crédito.

– Nenhum grande banco faliu ou precisou ser socorrido. Essa é uma vantagem que precisamos cantar.
De acordo com ela, o desempenho brasileiro durante a crise internacional mostrou que o sistema financeiro está “imune e em ordem”. No entanto, não se pode correr o “risco de complacência”. 

Banco Central

A candidata do PV também disse que teme a institucionalização da autonomia do Banco Central, com a concessão de mandatos. Ela citou o Banco Central da Argentina como exemplo de autonomia formal que não foi bem sucedida. Para ela, a forma como trabalha o banco brasileiro está adequada.

– O Banco Centrar deve ter, sim, uma autonomia operacional sem que tenhamos que institucionalizar uma autonomia. […] O governo tem que ter a clareza no rumo (da política econômica) e cabe ao Banco Central alcançar essa meta.

Ela defendeu ainda que o banco e o governo desenvolvam um trabalho conjunto, sem a necessidade de regras. Em seu discurso de 30 minutos, Marina também defendeu o aumento da concessão de crédito no Brasil.

A declaração é semelhante à da candidata petista Dilma Rousseff e diferente do que já afirmou o tucano José Serra. Ele afirmou em maio que, se eleito, daria opiniões sobre a atuação do Banco Central porque a instituição “não é a Santa Sé” e não está “acima do bem e do mal”.

Entre os desafios do próximo governo, a candidata do PV citou a necessidade de melhorar a gestão dos recursos públicos e do aperfeiçoamento do ambiente de negócios. Marina defendeu também a reforma tributária e mais investimentos do Estado, principalmente em infraestrutura.

– Copa do Mundo e Jogos Olímpicos apenas reforçam essa necessidade.