Ela tem 108 anos de idade, mora em Campo Grande seu filho caçula é um quase um sexagenário

Maria de Souza Silva, tem olhos azuis bem claros e pequenos que quase desaparecem quando ela sorri. Ela não hesita em dar as mãos macias e lisinhas ao ser entrevistada, puxando as pessoas para bem perto de seu ouvido, um meio de ela ouvir e falar. Ela nasceu no dia 31 de Dezembro de 1902, na cidade de Lençóis, município baiano. Hoje ela tem 108 anos, talvez uma das mais idosas que se tem notícia em Campo Grande, onde mora..

É preciso falar bem alto para que ela escute e responda as perguntas corretamente. Em alguns momentos foi preciso a ajuda da filha Lurdes Silva para obter a resposta correta.

A centenária teve dez filhos, com o marido José Antonio da Silva. Maria Silva ficou viúva aos 56 anos. Um dos momentos mais difíceis da vida dela foi sepultar o marido e três filhos. Hoje a filha mais velha tem 76 anos e o filho caçula já é quase um sexagenário.

“Gosto de sair nos retratos. Gosto de bater palma e de dizer feliz ano novo e feliz aniversário. Hoje eu não escuto muito bem”, comenta.

Ao ser questionada sobre os tempos passados relembrando como eram os namoros de antigamente e comparando com os de hoje em dia ela disse que tudo é diferente. “Antigamente os casais não abraçavam e nem beijavam. Os pais é que casavam os filhos. Hoje em dia e tudo solto, tudo liberado”.

Maria Silva conheceu o primeiro namorado José Antonio da Silva com quem casou-se com quase 23 anos. Ele era professor das crianças que morava nas fazendas. A centenária alega que nunca entrou em uma sala de aula e nunca votou nas eleições presidenciais. E não aprendeu a ler e a escrever por causa da lida na roça, com as plantações de arroz, feijão e outros alimentos para o sustento da família.

“O meu pai me levava para a roça e naquela época as escolas eram longe para estudar. E todos trabalhavam para ajudar no sustento. O meu pai era um homem bom. Quando o sol ficava forte ele dizia para todos os filhos voltar para casa e ir brincar”.

Maria Silva foi morar em Belo Horizonte, capital mineira, após o casamento. Ela ficou bem quieta quando questionada sobre sonhos e não respondeu a pergunta.

Maria disse para uma das filhas alguns meses atrás que tinha um sonho de ter uma outra cadeira para tomar banho de sol. Mais ficou até brava quando as filhas perguntou se poderia ser uma cadeira de rodas. Ela não gosta de cadeiras de roda, quer somente uma cadeira “bem grande e confortável para tomar sol na varanda”.

Maria Silva mora com duas filhas que não deixam a mãe andar sozinha. “Quebrei a minha perna quando fui deitar sozinha, sinto algumas dores quando o tempo muda e não consigo andar sozinha agora tenho que me apoiar em alguém”.

Por ser baiana gosta de comida com bastante tempero. “ Gostava de fazer tapioca e biju para as minhas crianças”.

Hoje ela tem uma alimentação bem simples. Mais tem que ter pimenta. “ Gosto de arroz, feijão, uma carninha com bastante pimenta. É tudo feito na hora”, disse a centenária. 

Uma das filhas disse que tem dia que a mãe é como uma criança, brinca bastante e fala bobeiras de dar vergonha. O aniversário dela é na virada do ano. “Produzimos um bolinho com bastante fruta na mesa e um peru assado par festejar a longevidade da minha mãe”, comenta a filha Lurdes.

Dia-a-dia

Maria fica sentada escutando o som da televisão e das pessoas que passam para visitar em sua casa que fica no bairro Santa Carmélia na divisa do bairro Manoel Taveira.

Ela gosta de relembrar do passado e tirar bastante retrato, fica esperando os flashes da máquina bater em seu rosto, para trocar de posição. Maria não queria deixar a reportagem ir embora e pediu varias desculpas por não escutar algumas perguntas por causa da audição.