Depois de jogarem moedas no plenário da Assembleia Legislativa, ao menos cem manifestantes foram para o prédio da Procuradoria-Geral de Justiça, a sede do MPE (Ministério Público Estadual) e repetiram o gesto em protesto contra uma suposta negociata envolvendo um ex-chefe do órgão.

Entidades como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), Fetems (Federação dos Trabalhadores na Educação) e CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos) Marçal de Souza e centros acadêmicos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), promovem atos desde a aparição de um vídeo no You Tube, anteontem, que mostra o deputado estadual Ary Rigo, do PSDB, afirmando que parte do dinheiro repassado a Assembleia Legislativa por meio de duodécimos, é repartida com o governador André Puccinelli, do PMDB, Tribunal de Justiça e o Ministério Público.

A gravação foi feita por um jornalista sem que o parlamentar soubesse.

Os manifestantes primeiro foram para a sessão parlamentar, que foi logo suspensa, depois seguiram para a Procuradoria de Justiça. Lá, parte dos protestantes foi barrada no portão de entrada.

Entrou no local apenas um grupo de cinco representantes de entidades. Do lado de fora, o restante dos manifesto juntou moedas, pôs num saco plástico preto e deixou na porta da recepção do prédio.

De acordo com o vídeo, o deputado Ary Rigo afirma que a Assembleia teria pagado R$ 300 mil ao Ministério Público que, em troca, teria “afrouxado” uma investigação contra o prefeito de Dourados, Ari Artuzi, hoje preso por corrupção. No diálogo com o jornalista, Rigo cita o nome do ex-procurador-geral de Justiça, Miguel Vieira, que refutou a acusação e disse que vai interpelar judicialmente o parlamentar.

Ainda segundo o parlamentar, Puccinelli teria recebido R$ 2 milhões da Assembleia. Tanto Rigo quanto Puccinelli negam a suposta negociata.

A Assembleia Legislativa é bancada pelo governo do estadual, que repassa a ela perto de R$ 180 milhões por ano.

Esse recurso paga o salário dos deputados e dos servidores do legislativo. Na gravação, Rigo sustenta que cada deputado fica com uma cota de R$ 120 mil mensais, mas essa quantia será reduzida para R$ 42 mil mensais.

Os cinco sindicalistas que entraram no prédio do MPE disseram que foram recebidos por uma comissão conduzida pelo corregedor do órgão, Sílvio Maluf. Na audiência, o corregedor informou que o MPE ficou sabendo do vídeo na sexta-feira e que desde então apura o caso.

Os sindicalistas pediram ao corregedor que o MPE peça o afastamento e investigação contra os citados no vídeo.