O presidente Luiz Inácio Lula da Silva põe em teste, nesta sexta-feira (6), sua habilidade para fazer malabarismo com a diplomacia na América do Sul. Em meio a uma crise regional, e num mesmo dia, o brasileiro encontra o presidente Hugo Chávez, na Venezuela, antes de seguir para o jantar de despedida do maior rival dele na América do Sul, o governante da Colômbia, Álvaro Uribe. No dia seguinte, participa da posse do novo presidente daquele país, Juan Manuel Santos.

Oficialmente, a visita de Lula a Caracas não tem nada a ver com a crise regional, desatada há duas semanas após a Colômbia de Uribe acusar a Venezuela de Chávez de acobertar guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em seu território.

Para o professor Paulo Edgar Resende, da PUC-SP, “é praticamente impossível que o tema não seja discutido por Lula e Chávez”.

– Lula não pode pessoalmente desqualificar a mediação de [Néstor] Kirchner [secretário-geral da Unasul]. Embora o Itamaraty diga que se trata só de uma passagem pela Venezuela, dificilmente o assunto não seria abordado com Chávez, assim como Lula deve falar disso com Santos.

Uribe criticou posição de Lula

Na última semana, a Presidência da Colômbia soltou nota “deplorando” as declarações de Lula, que havia sugerido numa entrevista que o atual capítulo da crise desse país com a Venezuela revelava desavenças pessoais entre Uribe e Chávez.

Nesta semana, Lula respondeu, em tom de brincadeira, que se “vingaria” de Uribe ao participar de seu jantar de despedida, nesta sexta-feira.

A expectativa, entre vários analistas, é que o novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, tenha uma posição mais conciliatória com Chávez e desloque um pouco sua diplomacia dos Estados Unidos para a América do Sul.

Durante o conflito, o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que o Brasil esperava que a posse de Santos diminuísse a tensão com a Venezuela.