O presidente Lula participou, nesta segunda-feira (13), da entrega do Prêmio Nacional de Direitos Humanos. Um tema em que houve muitos avanços e também polêmicas nesses oito anos de governo. Veja na reportagem de Delis Ortiz.

Na cerimônia, no Palácio do Planalto, cadeirantes, índios, idosos, deficientes visuais. Mas o presidente Lula começou lembrando as conquistas gerais do seu governo no campo dos direitos humanos.

Citou os 28 milhões de brasileiros que saíram da pobreza. A garantia de renda mínima para quase 13 milhões de famílias. Resultados que, segundo ele, vieram de iniciativas como o Fome Zero, o Bolsa Família, o Luz para Todos e outros programas sociais.

“Eu me indignava por que a gente não colocava na questão dos direitos humanos a questão do dia a dia da sociedade, a questão da fome, a questão do emprego, a questão da saúde, a questão da educação. Porque os direitos humanos ficavam muito conhecidos como apenas a questão da briga política entre polícia ou contra o regime militar. Ou seja, quando, na verdade, você já tem uma infinidade de coisas que nós temos que cuidar como questão dos direitos humanos”, declarou o presidente Lula.

Em seus oito anos, Lula também defendeu o projeto que proíbe castigos físicos em crianças, sancionou a legislação que pune a violência contra a mulher, conhecida como Lei Maria da Penha, e lançou o Plano Social de Inclusão da Pessoa com Deficiência.

Mas desagradou a vários setores com o Programa Nacional de Direitos Humanos, que, entre outras coisas, propunha uma Comissão da Verdade para apontar responsáveis por crimes durante a ditadura.

E arrematou: “Não se trata de caça às bruxas. Trata-se apenas de você pegar 140 pessoas que ainda não encontraram os seus parentes que desapareceram, que essas pessoas possam ter o direito de encontrar o cadáver e enterrar. As pessoas, de vez em quando, criam chifre na cabeça de cavalo”, afirmou Lula.

As críticas provocaram mudanças no programa e a Comissão da Verdade não deverá mais incriminar, apenas resgatar a história e promover reconciliação nacional.

No campo internacional, a relação de Lula com os direitos humanos incluiu polêmicas, como a questão de Sakineh, a iraniana condenada à morte por apedrejamento por causa de adultério.

“Pelo respeito que eu tenho ao Irã, pela relação de amizade que nós construímos, eu acho que a morte por apedrejamento é uma morte tão bárbara, que eu disse para ele que o Brasil receberia essa mulher de braços abertos e não poderia matar a mulher”, esclareceu Lula.

Em uma visita à Cuba, Lula também foi criticado, até pelo PT, por não ter questionado o governo cubano por causa de presos políticos em greve de fome. “Nós temos que respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano de prender as pessoas em função da legislação de Cuba”, disse Lula.

O presidente deu atenção especial à África. Em oito anos de governo, esteve lá 11vezes, sempre com um discurso de inclusão dos países africanos no cenário mundial. Para Lula, a África livre da Aids, da fome e da pobreza é o primeiro passo para um mundo mais justo.