Evanor Antonio Cols, de 63 anos de idade, 55 deles dedicados ao trabalho na roça, segundo ele, protesta sozinho pela aposentadoria, desde as primeiras horas desta segunda-feira (23), em frente ao prédio do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), em Campo Grande (MS). Cols disse que está doente, passando fome, já sem forças para brigar pelo benefício. Pela regra nacional a aposentadoria é concedida aos que completam 60 anos de idade e 35 de contribuição, se homem, e 55 anos de idade e 30 de contribuição, se mulher.

O gaúcho de Crissiumal, pequena cidade do Rio Grande do Sul, conhecida como a terra dos goleiros – por lá passaram Taffarel, ex-seleção brasileira e Danrlei, ex-Grêmio -, disse que tenta a aposentadoria desde 2007. Nesta manhã, ele vestiu-se com colete fabricado com acrílico e estampou os dizeres: “estou passando fome”.
Cols disse que lida com a lavoura desde os oito anos de idade, mas nem todas as suas empreitadas foram registradas em carteira, daí a dificuldade em obter o benefício.

Ele informou que de três anos para cá procurou ajuda em quase todos os órgãos públicos, sem sucesso. “Amanhã, por exemplo, às 13h30 tenho uma consulta marcada no HR (Hospital Regional), mas já sei o resultado: vão mandar eu para outro lugar”.

O lavrador afirma que já não consegue trabalhar mais por problemas na coluna, estômago, entre outras doenças. “Moro num pensionato na Vila Sobrinho e, para pagar os R$ 120 do aluguel, conto com a ajuda de amigos, ou peço dinheiro na rua”, disse ele, que vive só em Campo Grande, sem parentes.

A história de Cols mistura-se a de milhares que saem do Sul do país e aventuram-se por emprego na região Norte. O lavrador disse que viajou primeiro do Rio Grande do Sul para o Paraná, de onde seguiu para Mato Grosso e agora Mato Grosso do Sul.

Para que ele se aposente, o INSS exige uma série de documentos, um deles o de saúde e papéis indicando o tempo de serviço. Existem casos que o depoimento de testemunhas valida a aposentadoria.