Inflação em Campo Grande registra forte alta em setembro

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC/CG) de Campo Grande registrou em setembro forte alta de 0,40% em relação a agosto. É o que aponta a pesquisa mensal realizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes) da Universidade Anhanguera-Uniderp. “Poderá haver uma acentuada inflação de demanda até o final do ano, principalmente, […]

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O Índice de Preços ao Consumidor (IPC/CG) de Campo Grande registrou em setembro forte alta de 0,40% em relação a agosto. É o que aponta a pesquisa mensal realizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes) da Universidade Anhanguera-Uniderp. “Poderá haver uma acentuada inflação de demanda até o final do ano, principalmente, em relação à carne bovina devido à forte estiagem que aconteceu na entressafra desse produto, o que pode provocar a falta de boi gordo para completar escalas de frigoríficos.

Para complicar ainda mais a vida do consumidor, o Brasil tem retomado, paulatinamente, aqueles mercados externos de carne bovina que perdeu durante a crise econômica de 2008/2009. Além do mais, os preços externos já aumentaram em torno de 23% nesses últimos meses. Legumes e hortaliças também poderão encarecer devido às chuvas fortes que estão ocorrendo nas regiões produtoras”, avalia o coordenador do Nepes, professor Celso Correia de Souza.

Dos sete grupos que compõem o IPC/CG, três apresentaram índices positivos: Alimentação, Habitação e Despesas Pessoais. “O grupo Alimentação que, desde junho, estava contribuindo para segurar a inflação, registrando índices negativos, em setembro foi praticamente o responsável pela alta de 0,40% do IPC”, destaca Correia. Os grupos Transportes e Educação permaneceram estáveis e Vestuário e Saúde apresentaram deflação.

Com alta de 1,62%, o grupo Alimentação registrou fortes aumentos nos preços da carne bovina, em média de 6,0%; das frutas, com destaque para o limão 60,76%, melancia 22,79%, laranja pêra 21,64%; do óleo de soja 7,48% e do pão francês, com 7,14%. Entre os cortes de carne bovina, destacam-se os reajustes do peito, de 9,35%; do coxão mole, de 8,80%; da paleta, de 7,74% e do lagarto plano, de 7,65%. “A tendência para o mês de outubro é de elevação de preços, pois estamos no final de uma entressafra que foi penalizada com uma forte estiagem, o que dificultará a recuperação das pastagens. Do total de 1 milhão e 300 mil cabeças de bois confinados mais de 70% já foram abatidos, não conseguindo suprir a demanda”, pondera o coordenador do Nepes. De acordo com a pesquisa, o frango congelado e os miúdos apresentaram alta de 0,84% e 0,65%, respectivamente.

Opção – Na contramão, os cortes de carne suína registraram deflação em setembro. A bisteca registrou índice de -5,62%; a costeleta, de -4,48% e o pernil, de -3,56%. “O consumidor pode optar por consumir mais carne de frango, que registrou pequeno aumento, ou carne suína. Porém, se houver uma migração acentuada de compradores para essas carnes, deve haver um aumento da demanda e, conseqüentemente, uma elevação nesses itens”, explica o professor Celso.

No grupo Habitação, o índice médio de reajuste foi de 0,12%, com destaque para aumentos nos seguintes produtos: condicionador de ar (11,12%), artigos para limpeza (7,61%), aparelho de som (4,94%), utensílios domésticos (4,31%) e fogão (3,50%). O grupo Despesas Pessoais registrou pequena elevação de 0,05% ocasionada por aumentos nos preços do hidratante (2,68%), papel higiênico (2,24%) e fio dental (1,84%).

Em setembro, o grupo Transportes registrou estabilidade, ou seja, índice de 0%. Os aumentos de preços do pneu, em 1,21%, da gasolina, em 0,59% e do automóvel novo, em 0,41%, foram contrabalanceados pelas quedas nos preços do etanol (-0,98%), bem como das passagens de ônibus interestadual (-0,83%) e do diesel (-0,82%). No grupo Educação, que também registrou 0%, não havendo nenhum produto com variação de preço que merecesse destaque.

Deflação – Os grupos Vestuário e Saúde registraram deflação de 0,64% e 0,18%, respectivamente. No primeiro grupo, foram destaque as quedas nos preços da lingerie (-3,48%), do tênis (-3,09%) e da calça comprida feminina (-3,07%). “A mudança de estação e as liquidações podem ser responsáveis pela queda geral de preços neste grupo”, relata Celso. Já no grupo Saúde, houve quedas nos preços do anticoncepcional e hormônio (-2,41%), psicotrópico e anorexígeno (-1,71%), anti-inflamatório e antirreumático (-1,58%).

Inflação acumulada – A inflação acumulada em Campo Grande, de janeiro a setembro de 2010, foi de 3,78% e a inflação acumulada nos últimos 12 meses foi de 4,56%, e está no centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5% para este ano, com tolerância de 2% para mais ou para menos.

“Observamos que em setembro, a inflação fugiu do controle, pois desde maio estava em patamares bem baixos. Apesar de estar muito próxima da meta do CMN, é bom o governo ficar alerta, pois o grupo Alimentação ao registrar sucessivos aumentos nos preços da carne bovina, devido à forte estiagem que assolou todas as regiões do Brasil, pode influenciar nos índices dos próximos meses. Medidas devem ser tomadas para controlar essa tendência inflacionária”, pontua o pesquisador do Nepes, professor José Francisco dos Reis Neto.

Em relação à inflação acumulada nesses últimos doze meses, destacam-se os grupos Educação, com 6,38%; Saúde, com 6,17%; e Alimentação, com 5,35%, índices acima da inflação acumulada no mesmo período. Em 2010 destacam-se, com fortes inflações acumuladas, os grupos: Alimentação, com 6,44%; Educação, com 6,05%; Saúde, com 5,34%; índices também acima do acumulado no ano.

Dez mais e dez menos – Na composição do Índice de Preços ao Consumidor alguns produtos se destacam influenciando para mais ou para menos o índice do mês. Os dez produtos que mais contribuíram para a elevação da inflação em setembro foram: alcatra, pão francês, contrafilé, laranja pêra, aluguel de casa, costela, óleo de soja, mação, aluguel de apartamento e paleta. Os dez produtos que contribuíram para frear a inflação em setembro foram: batata, cebola, leite pasteurizado, queijo-de-minas, diesel, calça comprida feminina, etanol, televisor, tênis e biscoito.

Metodologia – O IPC/CG é um indicador da evolução do custo de vida das famílias dentro do padrão de vida e do comportamento racional de consumo. O Índice busca medir o nível de variação dos preços mensais do consumo de bens e serviços, a partir da comparação da situação de consumo do mês atual em relação ao mês anterior.

O IPC/CG é calculado mensalmente, com início da coleta de preços todo primeiro dia útil do mês. São pesquisados mais de 2,7 mil preços, semanalmente, cujo resultado final se resume em indicadores que refletem a mudança nos preços nos grupos Habitação, Alimentação, Transportes, Despesas Pessoais, Saúde, Vestuário e Educação. A base para a construção do Índice de Preços ao Consumidor é a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) que se baseia em um estudo detalhado do consumo das famílias de Campo Grande com rendimento de 1 a 40 salários mínimos, com o objetivo de estabelecer a estrutura do consumo por tipos de produtos e serviços.

O período de coleta de preços corresponde às três primeiras semanas do mês, sendo pesquisados produtos alimentícios, industrializados in natura, lácteos, bens duráveis, serviços de habitação e profissionais, medicamentos, produtos eletrônicos, e outros.

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